sábado, 1 de maio de 2010

Back in Town

Finalmente consegui ligar o computador, eis uma grande desvantagem dos não portáteis...mas quando quis tirar uma foto para vos mostrar o quanto estou a viver escondida entre caixas de cartão, acabou-se-me a bateria da máquina, e o carregador, que deve andar por aí a passear numa caixa qualquer, recusa-se a ser encontrado.
É a segunda noite que passo aqui, e o carregador da máquina fotográfica é o menor dos males, há dois dias que não consigo tomar um pequeno almoço decente, e as restantes refeições ou são fora ou em casa da mãe, mas o pequeno almoço é indispensável, pelo menos para mim que se me prega uma dor de cabeça quando não o tomo. Na última manhã em que acordei do outro lado não o pude tomar porque já aqui estavam as caixas praticamente todas, graças a este menino que as transportou e a um outro que ajudou a carregá-las (um grande bem haja para eles), e na primeira noite que aqui passei disse para mim mesma que o indispensável seria: ter roupa para vestir; ter duche para tomar e ter pequeno almoço para comer. Por isso tratei de arrumar a casa de banho; alguma roupa; e pôr a jeito o pequeno almoço...o pequeno almoço! Cadê ele?! E vai de abrir caixas e vai de vasculhar e a caixa dos cereais sem aparecer, e eu a duvidar se a tinha trazido, tu queres ver que foi uma das coisas que lá ficou, junto ao Ernesto, sim, é verdade, esqueci-me do canário e só quando a noite caiu é que lhe senti a falta e se me apertou o coração, por ele e pelos cereais. Parecia uma alucinada de canivete na mão a rasgar caixas. Eram duas da manhã quando o meu corpo sucumbiu e eu pensei que o melhor era dormir qualquer coisita já que hoje, ou melhor ontem, seria o dia de entregar a casa ao senhorio e teria de estar vazia e limpa e ainda faltava uma quantidade de coisas, não, o Ernesto não ficou sozinho, ficou rodeado de restos no frigorífico, de alguma roupa pendurada e, acreditava eu, dos meus cereais. De manhã, quando acordei mais ou menos conformada com a falta do pequeno almoço, resolvi montar a máquina de café. Pode não haver cereais, mas sem café não passo, disse de mim para comigo até ao momento em que percebi que, se o quisesse beber, teria de ser por um pequeníssimo cálice já que, dos copos, tinha sido o único que tinha escapado ao admirável embrulho jornalístico, desculpa minha filha mas os is foram todos, não sobrou nenhum, se te servir de consolação, nenhuma loiça se partiu. E foi assim, de um minúsculo cálice que eu bebi «o café da manhã». Chateada que nem um peru, fui arejar à varanda quando, qual não é o meu espanto, uma caixa abandonada com «LOIÇA» em letras garrafais, se riu para mim. Corri ao canivete e foi com rasgo que a rasguei. Lá dentro, a rir-se, estava a caixa dos cereais. Acreditem que são poucos os momentos de tamanha felicidade! Abri o frigorífico, tirei o leite para fora e quando me preparava para me sentar comodamente com a minha tigela intacta e limpa que tinha viajado juntinha aos cereais...percebi que não tinha colher.
O resto é melhor nem contar, porque deveria ter sido um triste espectáculo (se alguém a ele tivesse assistido), ver-me a comer cereais secos às macheias e a beber, intercaladamente, o leite pela tigela...

3 comentários:

sabes quem sou disse...

Pelo que percebo já estás na nova casa. Que nela sejas sejas muito feliz é o meu sincero desejo.
Vivemos num tempo em que as relações humanas se transformam a uma velocidade alucinante... embora nem sempre para melhor!
Houve um tempo em que já teríamos falado, cara a cara, desta tua mudança...
Outro tempo houve que, no mínimo teríamos telefonado...
Agora para sabermos o que se passa entre nós e os nossos amigos recorremos a estas novas ferramentas sociais: facebook, hi5, blogues, e-mail, etc.
Um dia destes apetece-me perguntar:
Ainda temos amigos?
É que eu para lá deste écran que tenho na minha frente nada vejo e ningúem me vê...
Se calhar é por isso que tanta gente o utiliza... cansámo-nos uns dos outros.
Já sei que muitos dirão: Não tenho tempo para nada!
Recomendo a leitura de "Sentido de Urgência" do Kotter.
Bjs

CF disse...

:) Tudo de por aí, Antígona.

Sputnick disse...

E não é que o Sabes quem sou tem razão, menina!!!
Urge o jantarinho, com vinho bom, música dos da casa, e paroles, muitas paroles. ok?????