sexta-feira, 14 de maio de 2010

«O barato sai caro» ou como a sovinice engole o dinheiro

Ultimamente sempre que tento «poupar» acabo a gastar o dobro ou mais ainda.
Com esta idade já deveria saber que «poupar» significa «não gastar senão naquilo que realmente se precisa», mas não, estupidamente tenho insistido em poupar nos preços e nos materiais. Os tiros têm-me saído todos pela culatra.
Numa atitude do mais sovina que há, mergulho lentes diárias em soro, só porque, na minha estreita cabeça, «diário» será sempre um período de 24 horas, portanto é natural que possam ser usadas por dois períodos distintos, ou três, até perfazerem as tais 24 horas. Resultado? Desfazem-se nos olhos e gasto mais do dobro em médicos, medicamentos e um mal estar sem medida. Bem feito!
Preciso de um gravador. Tenho uma entrevista para fazer. Uma entrevista cujo guião está pronto há muito e até segunda-feira tenho de a ter transcrita, categorizada e de conteúdo analisado. Corro a comprar um gravador que dê para o computador mas...o mais baratinho que houver e mais pequenino também, que tralha já eu tenho muita e insisto em carregá-la dia-a-dia, nos ombros. Depois de algumas diligências mais ou menos tortuosas alguém me encontra alguém para entrevistar. Rejubilo. Entrevisto. Cerca de meia hora de conversa interessante e útil. Ficou gravada? Ficou. Ouve-se? NÃO! Ruído! Só ruído! e lá ao fundo, muito ao fundo, duas pequeníssimas vozes, quase inaudíveis, sussurram tudo aquilo que eu terei de escrever.
Das duas uma, ou deito tudo fora; vou comprar outro e tento, novamente, encontrar um novo entrevistado. Ou tento, penosamente, escutar, e escutar é a palavra certa, as vozes que se escondem atrás de tanto ruído.
Palavra de honra que já não me apanha mais, a sovinice.

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