sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sinais

Há quem leia sinais sem se enganar. Gente perspicaz que lê nas entrelinhas. Eu não. E não só não confio nas coisas que leio nos sinais dos outros, como sou, com certeza, desastrada nos sinais que emito. Talvez por isso não goste de sinais. Prefiro a palavra dita, aberta, limpa, clara e transparente, sem equívocos, sem metáforas. As metáforas guardo-as para a poesia onde as palavras não chegam.

Creio existirem pelo menos dois motivos para não se ser capaz de ler nas entrelinhas. O primeiro prende-se com o medo da verdade e limita a falta de compreensão aos assuntos íntimos, particulares. O segundo prende-se com a falta de capacidade de voos mais altos e estende-se a todo e qualquer tipo de entrelinhas, mesmo às metáforas que moram na poesia.

Desde muito cedo que me dedico ao combate ao medo. Ao que parece ainda não o superei em absoluto, o mais provável é que à medida que o tenho combatido no cômputo geral, tenho aberto portas a algum mais particular. Seja como for não creio que este tipo de coragem seja verdadeiramente apreciado. As pessoas têm medo, disse-me há dias uma querida amiga. Mas tu não sabes que as pessoas têm medo?!

E quanto maior a nossa coragem, maior o medo dos outros. 

2 comentários:

CF disse...

O medo faz parte de nós. Eu, pela parte que me toca, julgo que cada vez tenho medo de menos coisas. Mas ainda assim, existem algumas das quais arrisco dizer, que vou ter medo para sempre...

XR disse...

Estão lá e não desaparecem sem mais nem menos - os nossos e os dos outros.
O que podemos fazer, como eu dizia há algum tempo, é dedicarmo-nos a Engenharia Emocional e criar pontes de coragem sobre os rios do medo...