segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mitos


Há uma certa virgindade que nasce com a idade. Uma espécie de pudor que cresce à medida que os anos passam e que, ao contrário daquilo que por aí se apregoa, força ao recato até a mais descontraída das mulheres.

Não tenho conhecimento de qualquer tipo de estudo sobre o assunto, falo por mim. Mas como não me considero nenhuma exceção, pelo menos não mais do que a exceção que cada um é, idiossincraticamente falando, depreendo que outras existem a sentir o mesmo que eu.

A descontração, chamemos-lhe assim ainda que se trate de um eufemismo, quando advém de uma grande autoestima, ou confiança no impacto que certas características físicas têm sobre o outro, tende a perder-se à medida que o corpo muda e a autoestima se desvanece. É claro que há sempre quem goste de afirmar que ela cresce noutro sentido e que esse sentido é suficiente para transformar uma cinquentona numa mulher decidida que sabe o que quer, vai com quem quer, enfim – decide. Tretas! Uma cinquentona vive, ou pode viver, aterrorizada com o impacto que sua aparência possa ter no outro e, a não ser que seja amada e que saiba, e sinta, que o é, regride ao tempo em que o outro era forçado a trabalhos por vezes hercúleos para a conquistar.

Há uma certa virgindade que nasce com a idade.

2 comentários:

CF disse...

:) Que giro este teu ponto de vista... Acho que nunca tinha pensado nisso...

Sputnick disse...

convém que à nossa beira, mantenhamos as pessoas certas :)