Há uma certa virgindade que nasce com a idade. Uma espécie
de pudor que cresce à medida que os anos passam e que, ao contrário daquilo que
por aí se apregoa, força ao recato até a mais descontraída das mulheres.
Não tenho conhecimento de qualquer tipo de estudo sobre o
assunto, falo por mim. Mas como não me considero nenhuma exceção, pelo menos
não mais do que a exceção que cada um é, idiossincraticamente falando,
depreendo que outras existem a sentir o mesmo que eu.
A descontração, chamemos-lhe assim ainda que se trate de um
eufemismo, quando advém de uma grande autoestima, ou confiança no impacto que
certas características físicas têm sobre o outro, tende a perder-se à medida
que o corpo muda e a autoestima se desvanece. É claro que há sempre quem goste
de afirmar que ela cresce noutro sentido e que esse sentido é suficiente para
transformar uma cinquentona numa mulher decidida que sabe o que quer, vai com quem
quer, enfim – decide. Tretas! Uma cinquentona vive, ou pode viver, aterrorizada
com o impacto que sua aparência possa ter no outro e, a não ser que seja amada
e que saiba, e sinta, que o é, regride ao tempo em que o outro era forçado a
trabalhos por vezes hercúleos para a conquistar.
Há uma certa virgindade que nasce com a idade.
2 comentários:
:) Que giro este teu ponto de vista... Acho que nunca tinha pensado nisso...
convém que à nossa beira, mantenhamos as pessoas certas :)
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