Aprender a partilhar. Não coisas, mas espaços. Eis a minha grande dificuldade. Até os meus filhos se queixam – tudo tem de estar à minha maneira.
Não me espantaria se fosse uma pessoa habituada a viver sozinha. Mas não sou. Tenho tido, ao longo da minha vida, períodos, sempre curtos diga-se de passagem, em que todo o espaço me pertence, mas, grosso modo, tenho tido uma vida de partilha. Isto não é, portanto, uma questão de hábito.
Uma vez, danada com o caos criado pelos meus filhos, a casa era grande e eu tinha a sensação de que não havia espaço para mim já que tudo estava ocupado com as tralhas deles, fi-los sentar à minha frente e, com voz grave, anunciei que não tinha saído de casa dos meus pais para a casa dos meus filhos. Fi-los sentir que também eu tinha direito a ter a minha casa, o meu espaço; um espaço onde me sentisse bem e em paz. Compreenderam e muita coisa mudou a partir daí. Mudou a arrumação e mudou a minha contenção. Penso que foi a partir desse momento que eu “ganhei” verdadeiramente o tal espaço e que agora não estou disposta a voltar a perdê-lo.
As crianças precisam de irmãos para aprender a partilhar. Eu tenho. Com pouquíssima diferença de idade, crescemos verdadeiramente juntos. Partilhámos soldadinhos, carrinhos e berlindes. Só não partilhámos as bonecas porque ele não achava grande graça, não porque eu me opusesse. É que, assim de repente, quem ler isto é bem capaz de dizer – pois, partilhavam tudo o que era dele. Não é verdade. Partilhávamos tudo o que nos apetecia, aos dois.
Vivi em casas pequenas e em casas grandes. Nunca me fez diferença nenhuma. Agora faz-me. Tenho essa consciência. Faz-me diferença. Incomoda-me a movimentação de outros num espaço ordenado por mim.
O meu filho está a chegar. Tenho muitas saudades dele. Senti-lhe a falta. Vai ser ele que me vai recordar, mais uma vez, que ninguém é uma ilha e que a ordem das coisas não é, de facto, muito importante.
Não me espantaria se fosse uma pessoa habituada a viver sozinha. Mas não sou. Tenho tido, ao longo da minha vida, períodos, sempre curtos diga-se de passagem, em que todo o espaço me pertence, mas, grosso modo, tenho tido uma vida de partilha. Isto não é, portanto, uma questão de hábito.
Uma vez, danada com o caos criado pelos meus filhos, a casa era grande e eu tinha a sensação de que não havia espaço para mim já que tudo estava ocupado com as tralhas deles, fi-los sentar à minha frente e, com voz grave, anunciei que não tinha saído de casa dos meus pais para a casa dos meus filhos. Fi-los sentir que também eu tinha direito a ter a minha casa, o meu espaço; um espaço onde me sentisse bem e em paz. Compreenderam e muita coisa mudou a partir daí. Mudou a arrumação e mudou a minha contenção. Penso que foi a partir desse momento que eu “ganhei” verdadeiramente o tal espaço e que agora não estou disposta a voltar a perdê-lo.
As crianças precisam de irmãos para aprender a partilhar. Eu tenho. Com pouquíssima diferença de idade, crescemos verdadeiramente juntos. Partilhámos soldadinhos, carrinhos e berlindes. Só não partilhámos as bonecas porque ele não achava grande graça, não porque eu me opusesse. É que, assim de repente, quem ler isto é bem capaz de dizer – pois, partilhavam tudo o que era dele. Não é verdade. Partilhávamos tudo o que nos apetecia, aos dois.
Vivi em casas pequenas e em casas grandes. Nunca me fez diferença nenhuma. Agora faz-me. Tenho essa consciência. Faz-me diferença. Incomoda-me a movimentação de outros num espaço ordenado por mim.
O meu filho está a chegar. Tenho muitas saudades dele. Senti-lhe a falta. Vai ser ele que me vai recordar, mais uma vez, que ninguém é uma ilha e que a ordem das coisas não é, de facto, muito importante.
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