quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia do Pai

Diz que hoje é o dia do pai.
Quando eu era miúda não existia este dia. Eu, pelo menos, não me lembro dele. Havia o dia da mãe, mas do pai, que eu me lembre, não.
Procurei aqui pelas nets uma justificação, uma história. Num dos sites dizia que este dia tem mais de 4.ooo anos, imagine-se! E que começou algures para o Médio Oriente. Outro dizia que começou nos EUA e que serve para homenagear S. José. Porquê hoje, 19 de Março? Não faço a mínima ideia. Vai-se a ver e ainda há quem diga que foi o dia em S. José nasceu…
Seja lá como for, ou pelo que for, é hoje. E é justo. Se existe um dia da mãe é claro que faz todo o sentido que exista um dia do pai. Os meus votos vão para que este dia sirva para que muitos pais sejam mais pais do que têm sido ao longo dos tempos, já que a maioria tem andado demasiado ocupada com os afazeres para poder dedicar-se aos filhos que, vai-se a ver, até dão algum trabalho.
Mas não foi para isto que eu vim até aqui.
Foi para falar do Meu Pai.
O meu pai foi, durante a minha infância e o início da minha adolescência, um ícone para mim. Foi ele quem me transmitiu este amor que tenho aos livros. Foi ele que me mostrou a importância de se estar receptivo ao outro, mesmo que seja diferente de nós. Foi ele que deixou que o meu espírito se abrisse ao desconhecido, e me mostrou a importância do livre pensamento.
Foi ele que me ensinou a nadar. Que me protegeu quando me atacaram. Que me mostrou que o respeito se deve a toda a gente, por muito jovem que seja, e que todos merecem uma oportunidade.
A porta da minha casa esteve sempre aberta para os amigos. Os dele, os nossos…todos. O meu pai enchia a casa, enchia a mesa. Foi dele que herdei este prazer que sinto em juntar amigos, em juntar a família, à volta de uma mesa.
Todas as crianças acreditam que os pais sabem tudo, é verdade, mas o meu sabia. Sabia muito mais do que os outros pais todos e a alegria que ele sentia junto de nós, nas brincadeiras, nas conversas, até nos silêncios das noites televisivas ficou gravada na minha memória. É a ela que recorro quando me sinto mais frágil, à força, à segurança, à coragem que o meu pai sempre me transmitiu.
Hoje é um homem tranquilo. Um homem que fez as pazes com uma vida que o atraiçoou, que o incapacitou cedo de mais, que o impediu de nos acompanhar, a mim e ao meu irmão, até onde seria suposto um pai acompanhar os filhos. Contudo, sempre que eu e o meu irmão comentamos as consequências deste acidente de percurso, chegamos à conclusão que o nosso pai, no pouco tempo que teve, fez muito mais do que muitos fazem numa vida inteira. No pouco tempo que teve deixou as suas marcas e têm sido elas, essas maravilhosas marcas, as nossas eficientíssimas muletas, muita da nossa força. Hoje basta-nos a sua presença, o seu sorriso e o seu, quase permanente bem estar. Basta-nos vê-lo a cuidar do jardim. Basta-nos que ele exista, que esteja por cá. E, sabendo eu que às vezes o desânimo lhe bate à porta, peço a Deus que o nosso amor lhe seja motivo suficiente para continuar.

Sem comentários: