segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Facebook

Vamos vivendo e convivendo na nossa multiplicidade, tentando, sempre que possível, aproximarmo-nos da imagem que guardamos de nós, mas não somos sempre os mesmos – não somos.

Somos A para o Manel e B para a Maria – somos pais; irmãos; primos; filhos e enteados; amigos; conhecidos; colegas de trabalho… um nunca mais acabar de papéis – os públicos e os privados. E é no encontro destas duas espécies que, por vezes, a porca torce o rabo.
Lembram-se daquelas festas para as quais somos convidados porque conhecemos o anfitrião e depois deparamos com um mar de gente que nunca vimos na vida? Procuramos desesperadamente a meia dúzia que sabe quem somos para nela nos refugiarmos, caso contrário tremem-nos as mãos e o suor ameaça dar-nos cabo da maquilhagem.
O Facebook pode ser uma festa parecida com essa. Depende, evidentemente das pessoas que escolhemos para aceder à nossa sala privada. No entanto, é inevitável que acabamos por reunir uma mão cheia de gente de diferentes proveniências – gente que conhecemos na infância; gente que conhecemos depois; gente da escola; da faculdade; do emprego…família, evidentemente – a família está lá sempre; e os amigos dos filhos; e aqueles que, não tendo ainda atingido o estatuto de amigos são meros conhecidos…há de tudo nessa sala que pelo facto de ser virtual não deixa de ser uma sala.
Então, o nosso comportamento tem necessariamente de ser aquele que adoptaríamos na tal festa – apenas com a ressalva do isolamento – no facebook não é prático, nem correcto, isolarmo-nos em grupinhos fechados correndo o sério risco de ofendermos, desnecessariamente, quem não merece ser ofendido. Portanto, é o lugar ideal para darmos o melhor de nós, aproximando-nos o mais possível, se não daquilo que já somos, daquilo que somos, com certeza, capazes de ser.

2 comentários:

barbaazul disse...

Gosto muito deste teu ponto de vista.
Acrescentei outra reflexão no Azulclarinho.

gina henrique disse...

Lamento dizer,mas, não sou uma fã do Facebook, talvez pelo facto da tal sala virtual ser demasiado grande e, por isso mesmo, pouco protegida.