terça-feira, 27 de março de 2012

Conveniências

Dizia-me ontem um amigo que, a julgar por aquilo que ponho no Facebook, sou de esquerda. Não sou de esquerda, nem de direita, nem de centro nenhum. 

Há coisa de uns meses, não sei já quantos, deixei-me encantar pelas ideias futuristas de um partido ligado à Natureza. Um impulso (sim, ainda tenho disso), levou-me a fazer algo que nunca tinha feito na vida – filiei-me. 

É claro que como a maioria das decisões tomadas por impulso, depressa me apercebi do desenquadramento das práticas e das ideias neste tempo que é o presente em que vivemos. E como acredito piamente que o futuro se faz hoje, desinteressei-me. Desinteressei-me como, aliás, me tenho vindo a desinteressar por tudo quanto é partido político. 

Fazendo fé da necessidade centenária de particularizar ideias e saberes de forma a evitar o perigo da sua fragmentação e a prevalência do senso comum sobre o saber científico, fomos dividindo, dividindo, dividindo, até à quase personalização da coisa, e passámos a defender, não o que é comum, e conveniente para todos, mas o que é particular, e conveniente para cada um.

Passa-se isso a nível da política, passa-se a nível da investigação e até do ensino, porque a política está em tudo e ela é, cada vez mais, particular.

A fragmentação do saber, característica do senso comum, tem a desvantagem de separar as partes de um todo de forma irregular impedindo, assim, a visão total da coisa. Mas a separação desse saber em partes que, pela sua particularidade, se vão afastando cada vez mais umas das outras, também não é lá grande espingarda.

1 comentário:

gina henrique disse...

Na realidade não precisamos de ser politicamente filiados uma vez que a politica está intrinseca a nós mesmos; ela é o reflexo de tudo o que fazemos,vivemos e comentamos . Nada mais normal digo eu cada um pensa por si enquanto isso nos for permitido, o que nalguns casos parece já ser dificil !
Bom dia e bom trabalho.