Bem, não sei se serão todos mas os primatas, por exemplo,
sem dúvida…
Então, como todos os primatas (fica melhor assim), os homens
da pré-história aqueciam-se uns aos outros, catavam-se, abraçavam-se,
tocavam-se sem medos ou preconceitos, e embora não haja registos do nível de
felicidade que sentiam, basta ver A
Guerra do Fogo para percebermos a estreiteza dos laços que uniam os membros
de cada tribo, a forma simples e vigorosa como se amavam, se apoiavam, se
defendiam dos maus.
Depois aprendemos a escrever, inventámos moralidades,
construímos cidades e vieram as pestes.
Lá se foram os abraços e os beijos. Lá se foram as manifestações
de carinho.
Tornámo-nos frios e distantes, com medo do contágio. E nunca
mais nos aproximámos como antigamente – no tempo da pedra lascada.
Mesmo assim a minha geração fez alguns progressos e abraçou
e beijou os filhos, ainda que sem conhecimento de causa.
Agora vive-se um outro fantasma – o da pedofilia.
Quase que se podem ler os letreiros nas testas das crianças –
Não Tocar!
Um dia destes, quando tiver tempo, vou averiguar se já
houve, ou há, algum crânio que tenha estudado os malefícios que a ausência de
manifestações físicas de afeto tem trazido para a humanidade.
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