segunda-feira, 30 de março de 2009

Na Lua! Completamente na Lua!

Levanto-me da cama e vou de encontro ao móvel. Baixo-me para aliviar a dor do pé e esqueço-me da ombreira da porta quando me levanto; porque não parei de andar, mesmo ao pé-coxinho. Fico com o ombro negro das pancadas sucessivas que vou dando nas ombreiras que me empecilham o caminho.
Ponho canela no peixe e alho moído no chá porque esta gente não sabe enfrascar especiarias e os frascos são todos iguais.
Troco as voltas ao canário que já não sabe onde ir buscar a água e o comer.
Entro para o banho e só quando saio reparo que não apanhei o lençol do estendal.
Espero às meias horas para ser atendida no posto dos correios e quando chega a minha vez não tenho dinheiro para pagar. Nunca entendi porque é que não há multibancos neste posto do terceiro mundo! Saio para a rua, procuro uma máquina milagrosa que me dê dinheiro; arrependo-me de não ter vestido casaco e, por momentos, esqueço-me do que ia fazer.
Já com o dinheiro na carteira, volto a abstrair-me e enfio pela rua que não é. Olho em volta e pergunto-me o que raio é que estou ali a fazer.
Ponho espinafres ao lume mas só me volto a lembrar deles quando os oiço a reclamar com a tampa da panela; nessa altura já é tarde, já tenho o fogão todo verde. Fico apreensiva com o cheiro e estranho o silêncio. Pois é, tenho o exaustor desligado.
E é assim que estou hoje…forçada a andar por cá. É que eu, por mim, emigrava. Hoje eu emigrava.