Se alguém me perguntasse qual é a característica que mais admiro num ser humano, eu diria, sem hesitar, que é a coragem.
Não aquela capacidade de se atirar para a frente face ao perigo e à qual o vulgo dá o nome de coragem, mas a coragem de se enfrentar a si mesmo, a coragem de Ser e de enfrentar a vida com o que se tem.
Pode tratar-se de alguém com as piores características do mundo mas, se tiver a coragem de as assumir, de se revelar tal como é, eu não posso deixar de admirar.
Viajar pelo nosso interior, vasculhar os meandros mais profundos de cada Ser é, sem dúvida, um acto de coragem. Nada mais triste do que olhar os olhos de outro e vê-los cerrados, vazios no seu esforço para ser o que não é, para ser aquilo que ele pensa que os outros querem ou esperam que seja. As pessoas que se esforçam por se moldar aos outros, que se amachucam, que se escondem, causam-me sempre, mais cedo ou mais tarde, um certo desprezo.
Gente que se esconde de si mesmo, esconde-se da vida e esconde-se dos outros.
É da coragem que nasce a integridade, não da falta dela.
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