sábado, 28 de fevereiro de 2009

Uma nova estação

Chateou-se a Primavera. A menina, chateou-se. Amuou.
E logo tinha de ser o Outono a dar o ombro para ela chorar. Não podia ter sido o Verão. Não, claro que não.
Que apaixonado é que não aproveita as raras ocasiões que surgem? Ele vive para estes momentos, em que a pode amparar. O Outono é daqueles entes que sente na pele a crueldade do destino, condenado que está a viver longe da amada. Para ele estes amuos são as oportunidades por que espera toda a vida. Porque é que acham que o Outono é triste? Vejam lá se ele hoje não parece mais animadito. Nem trouxe o vento com ele, quis vir sozinho o sonso. É certo que tem sempre este ar de enfado, de tristeza, mas está direitinho e catita, sem deitar fora as poucas folhitas que a amada se entreteve a fazer crescer. O pior é que qualquer dia ainda nasce uma nova estaçãozinha - Primono ou Ouprimo se for menino, Ouvera se for menina. Esperemos que seja menina, do mal o menos. O nome masculino é feiiiiio... Mesmo assim, o facto é que nenhum deles promete. Seria bem melhor estarem quietinhos, estes dois...
Com o Inverno é que não sei o que se passa. Deve estar a ficar velho, cada vez trabalha menos. Se não for o Verão a impor-se, não sei o que será...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Aos pseudocondutores e aos fitipaldis das avenidas

A condução faz-se pela direita. A faixa do meio é para aqueles que querem ultrapassar os que vão à direita, e a faixa da esquerda para os que ultrapassam os da faixa do meio.
Não se trava a meio de uma via rápida, principalmente se não houver nada à nossa frente, isso assusta quem vem atrás.
Não se fazem gincanas em plena Lisboa só para conseguir passar os amarelos todos.
Pressa, todos temos. Chegaremos em tempo útil ao nosso destino se usarmos o desembaraço e o bom senso, em vez de estiradas hollywoodescas que acabam sempre mal sucedidas e empancam o trânsito todo.
Aqueles que querem andar devagar, devagarinho, estão no seu direito mas, por favor, encostem-se à direita.
É que já não há pachorra.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Bem feita

Ontem deu-me um daqueles vaipes que costuma dar às pessoas quando lhes falta qualquer coisa e não sabem bem o que é. Não, não quero falar mais do Sporting. E decidi ir ao frigorífico buscar uma farinheira que o meu filho lá tinha deixado. Vai daí, enfiei-a no forno e regalei-me.
Passei a noite às voltas com pesadelos, apertos e dores no estômago.
Hoje...não estou a morrer, mas estou quase,quase...
Valha-me o facto de ter compreendido porque é que a gula é um dos pecados mortais.

Boas Notícias

Estamos a transformar-nos em mestres das energias alternativas.
Se não acreditam espreitem aqui.

O Sporting! Que tristeza...

Um espião chamado “Jesus”, agente secreto russo com passaporte português, é procurado por toda a Europa porque passou informações classificadas da NATO para a Rússia. Isto dava um belo de um filme.
E o Sporting?! Vocês viram o Sporting?! Que vergonha! Que tristeza!
Ao que parece, ontem, no Parlamento, houve mais uma sessão de Perguntas Difíceis, pelo menos é o que diz o Expresso, que foram muitas as perguntas que ficaram por responder. Sócrates cada vez mais mudo…parece que tudo se passa nas suas costas…coitado.
E o Sporting?! Chiiiii
Diz que vai haver uma ponte a ligar o Barreiro a Chelas. Parece-me bem. Fazem um lindo par: Chelas e o Barreiro…
O Sporting pá! O Sporting…
Atenção que a crise chegou ao mercado do sexo. Cada vez há mais funcionários e menos clientes.
Estou mesmo triste com o Sporting.
Parece que o Avelino Ferreira Torres, ex-presidente da Câmara Municipal de Marco de Canavezes, está em vias de ser “engavetado”. Não me parece que isso chegue para distrair os portugueses…
E o Sporting, meu Deus! O Sporting…

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Encontros e Desencontros

Muitas vezes encontramos a pessoa errada nos momentos certos.
Às vezes encontramos a pessoa certa nos momentos errados.
Resta-nos a esperança de reencontrarmos a pessoa certa no momento certo.

Compreender? Aceitar?

Compreendo e aceito. Não compreendo, não aceito. São estas as opções óbvias.
Se compreendo é claro que tenho de aceitar ou correria o risco de me contradizer.
Se não compreendo não posso aceitar, pois se nem sei do que se trata!
No entanto, quantas vezes somos incoerentes. Quantas vezes até compreendemos, mais ou menos, mas recusamo-nos a aceitar. Tratando-se então de aceitar o que não se compreende…é quase o mesmo que pedir a uma galinha que voe.
E é aí que está o busílis de tantas questões. No aceitar sem se compreender. É isso que nos aproxima dos outros – a aceitação.
Para compreender basta que tenhamos vivido ou experienciado algo semelhante. Basta até que tenhamos lido, que saibamos que existe e logo a nossa razão compreende.
Para aceitar é necessário olhar o outro. É necessário amar.

O gajo, ou gaja, que vem a seguir

Quando alguém nos faz mal; quando nos viram a vida do avesso ou nos tiram o tapete debaixo dos pés, em suma quando nos abandonam e nos enganam, ou vice versa, vamos a correr tentar repor o que se perdeu, tentar restabelecer a nossa vida tal como era, ainda que tenhamos a consciência que talvez ela não fosse exactamente como gostaríamos, mas era a nossa e nós queremo-la de volta.
Muitas vezes encontramos quase de imediato um outro alguém por quem nos apaixonamos ou, pelo menos, acreditamos que sim. Quando nos apercebemos que afinal as coisas não podem ser iguais; que afinal a vida que tínhamos não era independente da pessoa com quem estávamos e que, por isso, não se pode repetir, zangamo-nos. E zangamo-nos, comummente, com a segunda pessoa que não nos deu ou não nos pode dar a oportunidade de recuperar o perdido.
Sem nos apercebermos tornamo-nos caprichosos e exigentes. Magoados que fomos, achamo-nos no direito de ser recompensados, e raras vezes nos lembramos que se há quem não tenha a culpa de nada é aquele que aparece algum tempo depois.
Uma outra versão, muito mais negra, é a absoluta necessidade de recuperar o orgulho perdido. Essa é terrível porque, inconscientemente, se procura alguém a quem abandonar. Muito ao estilo – fizeram-me a mim mas eu vinguei-me. Pouco importando em quem. O que importa é que, afinal, há quem me queira mas eu não quero. Esta é a versão da Lei das Compensações.
Seja como for, o gajo, ou gaja, que venha logo a seguir, está, quase sempre (e este quase sempre é o meu optimismo a fazer-se ouvir), lixado.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

As dores dos filhos. A nossa dor.

Todos nós crescemos sozinhos. Por muito válidas que sejam as experiências alheias, não são as nossas. Podemos tomá-las como exemplo. Podemos até alertarmo-nos com elas. Mas não são as nossas. E é com as nossas que aprendemos. É inevitável que, de vez em quando, batamos com a cabeça na parede.
Para quem é mãe, ou pai, isso dói. Para quem é mãe, dói a dobrar. Se pudéssemos evitar toda e qualquer dor aos nossos filhos, evitá-la-íamos. Não podemos. Não devemos. Tentar evitar a dor dos filhos é impedi-los de crescer.
Resta-nos, portanto, aguentar a dor que nos dói as dores que são deles. Por pequenas e insignificantes que sejam. Aguentar. E deixá-los ir.

Barry Schwartz

Sempre ouvi criticar a nossa mania de improvisar tudo. “Os portugueses fazem tudo em cima do joelho” é uma frase recorrente que tem como objectivo subvalorizar a nossa forma de estar no mundo.
Somos os campeões do improviso. Os mestres do desenrasca. E, por muito que isso nos coloque na cauda do processo organizacional, o facto é que nos dá uma superioridade de adaptação em relação àqueles que vivem seguindo cega e escrupulosamente as regras estabelecidas.
Sempre senti que esta nossa característica nos humanizava e, ultimamente, temi que estivéssemos prestes a perdê-la com esta história da globalização.
Afinal parece que há gente, e gente que sabe, que anda a gritar aos quatro ventos a necessidade do mundo ser um pouco mais como nós. Dos Americanos serem um pouco mais como nós.
Ainda vamos chegar à conclusão que, afinal, como sempre disse Fernando Pessoa, estamos destinados a grandes feitos.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A minha mãe

A minha mãe tem 77 anos e conduz um carro sem direcção assistida.
Cada vez que me visitam, ela e o meu pai, fico a vê-la tirar o carro do estacionamento a rodar o volante como se de uma roda dentada se tratasse. Os braços finos que tem fazem nesses instantes o exercício correspondente ao levantamento de vários pesos no halterofilismo. O meu filho diz que ela é a super-avozinha.
A minha mãe só conheceu um homem na vida dela, aquele com quem está casada há 52 anos e de quem cuida durante 24 horas por dia desde os 42, altura em que ele teve uma trombose que o deixou incapacitado.
Quando éramos miúdos, eu e o meu irmão, ela era uma pessoa muito alegre e bem-disposta. Passava os dias a cantar. As canções antigas que conheço, ouvi-as pela primeira vez da sua boca. Sei as letras quase todas.
Quando começámos a crescer e o meu pai ficou doente, ela perdeu grande parte da alegria. Educada à moda antiga ficou sem saber muito bem como lidar connosco sem a ajuda preciosa do marido, até ali e homem da casa. Havia conversas que o meu pai tinha connosco e que acabaram porque, para ela, eram impossíveis. Tábus intransponíveis.
Hoje fala-se de tudo e há anos que o riso voltou à sua expressão.
A minha mãe é a mulher mais forte do mundo. A que mais evoluiu. A que sabe aproveitar todos os bocadinhos para ser feliz.
A minha mãe tem a gargalhada mais limpa e pura do universo. Tem uma genica invejável. Quando lhe dá para limpar a casa, saiam da frente.
A minha mãe era linda quando era nova. É mais linda ainda hoje, com a sua figura esguia e os seus olhos brilhantes.
E eu amo-a infinitamente e espero tê-la por cá pelo menos mais 20 anos, pois não sei o que faria sem ela.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Então e as Máscaras?! Não há Máscaras?!

Cheguei à varanda, olhei para baixo e estranhei o sossego e o silêncio.
Onde andam os mascarados que invadiam as ruas quando eu era miúda?
Onde estão os chatos dos putos de bisnaga na mão a molhar tudo e todos?
Que é feito dos novelos de serpentinas a esvoaçar ao vento?
E dos papelinhos coloridos que forravam os passeios?
Não estamos no Carnaval?
Porque é que as pessoas não se mascaram?
Não me digam que temos de ir até Paredes de Côa ver os professores vestidos de preto e acorrentados, para ver máscaras!
Não será, com certeza, por falta de temas. Os alter-egos lutam para se manifestarem, como sempre lutaram todos estes anos. Se é falta de dinheiro, inventem. Vão até às arcas dos avós, tirem de lá os trapos e cubram-se. Estamos no Carnaval. É altura de darmos largas à imaginação e soltarmos todas aquelas personalidades que têm andado acorrentadas o ano todo. Se não o fizermos agora, só para o ano que vem e, até lá, corremos o risco de sermos sufocados por elas.
Mascarem-se pá. E venham para a rua.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

São Coisas do Mundo, Detalhes da Vida

O momento alto do espectáculo que a Alcione deu ontem no Coliseu dos Recreios foi quando começou a cantar São Coisas do Mundo, Detalhes da Vida. É que nem sei se se chama assim mas desta eu sabia a letra e nem precisei de me esforçar para a perceber. Cantei a plenos pulmões. Não é todos os dias que isso me é permitido. Cantar aos gritos sem que ninguém me oiça.
Quando o espectáculo começou, atrasado como todos os espectáculos neste nosso cantinho, o som saiu rouco, a banda composta por onze elementos abafava quase tudo. O chão tremeu com a destroção que o meu peito não sentia desde a última vez que tinha estado numa discoteca e, acreditem, já lá vão uns anos.
Das luzes e dos efeitos de palco nem sei o que dizer. Ainda tenho a bailarem nos olhos as enormes bolas cor de rosa cócó e os ouriços gigantes em fundo da mesma cor. O senhor que era responsável por estes extraordinários efeitos e que tinha nome de cão, tipo Tom-Tom, Béu-Béu ou coisa que o valha, de vez em quando, creio que para nos aliviar destes efeitos, acendia uns holofotes gigantescos que nos encadeavam mais do que o sol no pico do Verão. A coisa foi de tal maneira que já levávamos as mãos em pala para nos protegermos.
Houve porém uma música que conseguiu prender-me do princípio ao fim. Claro que não sei o nome, mas sei que trouxe consigo o vermelho, o amarelo e o negro para me aliviarem daquele rosa enjoativo. É claro que os holofotes continuaram a não nos poupar...
Pensei que conhecia a senhora. Afinal, não. Ao contrário da maior parte do público que cantava tudo e mais alguma coisa, eu cantei uma...enfim...
Estava mesmo a desistir quando consegui compreender algumas palavras. Dizia então a senhora, a dada altura numa determinada canção, que, para dormir, tomava aspirina. Aí despertei, curiosa na minha ignorância. Nunca tinha pensado em aspirina para dormir. Logo a seguir, no final do último verso, veio a explicação, parece que tem a ver com a sina. Toma aspirina por causa da sina. Faz todo o sentido.
Enfim, ainda dancei um bocadinho. Mas também não me é difícil. Basta um pouco de ritmo e aí vai o corpo ao deus dará.
Valha-nos a Maria Betânia que está mesmo aí a chegar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Irra para os papéis

Não gosto de papéis. Chateia-me ter de lidar com eles. Gosto de livros. Mas não gosto de papéis. Ele é o papelinho do restaurante, o papelinho do Visa, o papelinho do multibanco, mais o papelinho da farmácia e o do supermercado, o papelinho da bomba de gasolina, o papelinho do chocolate, o papelinho da livraria e o outro que nem dá para ler e eu não me lembro. O papelinho do clube de vídeo e o da frutaria. Já nem me lembrava de ter estado aqui! Mas que papelinho é este?
Tenho esta estúpida mania de tomar nota de tudo mas como me falta o tempo para o fazer em tempo útil, vou acumulando papelinhos pela carteira fora. Um dia destes arrisco-me a desaparecer no meio deles.
Se estiver uns dias sem aparecer, procurem-me no meio dos papéis.
Quando, finalmente, me disponho a pôr as coisas em ordem, é o fim do mundo em papelada. Descubro papéis de coisas que nem me lembro ter comprado. Descubro papéis que já não se lembram o que pagaram porque, entretanto, já os números desapareceram, e as letras e toda a informação. O que, hoje em dia, também não faz grande falta. Uma coisa é o que dizem os papéis e outra o que aparece no extracto bancário. Se não houvesse uma quantia em jogo tenho sérias dúvidas se conseguiria confrontar a informação de um e de outro.
Raios partam os papelinhos.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lamento

Hoje estive com a criança mais triste do mundo.
E não há nada mais triste do que uma criança triste.

De Ler

Os livros sempre exerceram, sobre mim, um enorme fascínio.
Quando era miúda a minha mãe preocupava-se com as tantas horas que eu passava fechada no quarto a ler. Lembro-me que uma vez comecei a ler um livro quando me deitei e terminei-o quando o sol nasceu, foi nessa altura que adormeci.
Mais tarde a história repetiu-se com a minha filha. Um dia disse-lhe que, se ela continuasse assim, só teria as histórias dos outros para contar aos filhos e aos netos. Resultou porque ela aos poucos foi saindo e acabou por se habituar a viver.
Também a mim isso me aconteceu. Durante uns anos, aqueles da adolescência e dos namoros, se peguei nalgum livro não me recordo. Mas depressa recuperei. Não fiz ainda as contas, mas sou bem capaz de ler quatro ou cinco livros por mês.
Pode haver quem ache que não é tanto assim, afinal é só um livro por semana e uma semana tem sete dias. Mas não façam confusão, eu vivo aquilo que leio. O Fascínio por cada palavra, por cada ideia, por cada sensação transmitida, está lá, inteirinho. O mesmo de quando era miúda e me fechava no quarto.
Bebo cada palavra, devoro cada sentido. Como se cada texto encerrasse um outro mundo, uma outra vida. E como se as palavras, só por si, mo pudessem oferecer.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Guerra, Paz e a Evolução dos Homens

Foi-me enviado um mail, um desses inúmeros mails que circulam por aí com mensagens preciosas, alguns, não tão preciosas, outros.
Este é um mail que fala de Paz. Uma dessas correntes que se vão alastrando e onde colaboram três ou quatro daqueles cantores de quem já não ouvíamos falar há muito.
«Cantaré, cantarás», é a canção que se ouve durante uma sequência de fotos, na sua maioria, de guerra. Cantada com alma, como sempre são essas canções.
De repente dei por mim a fazer o papel de advogado do diabo e a perguntar-me para onde iria essa alma se tudo estivesse bem. Que tipo de letras, de musicas, de livros, de grupos, se criariam se tudo estivesse bem.
O mundo nunca esteve em paz. Nós não sabemos o que isso é. Desde que o mundo é mundo que os conflitos existem, como se precisássemos deles para criar, para crescer, para evoluir.
Chegará, com certeza, o dia em que nos viraremos, todos, para o nosso interior e aprendamos, e cresçamos, a partir daí. Mas temo muito que hoje não seja a véspera desse dia. Estamos longe de estar preparados para tal. Daí que, para o bem existir, para existirem aqueles que por ele lutam, tem de existir o mal e todos aqueles que insistem em perpetuá-lo.
Temos pena. Mas é assim.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Que chatice!

Isto está tudo muito mal feito.
A pressa que temos de crescer impede-nos de desfrutar convenientemente o doce sabor da despreocupação.
As crianças quando nascem deviam trazer um chip que lhes dissesse – Aproveita enquanto podes, que isto não dura sempre.

E agora...

The sun is shining!

... e cheira a Verão!
Podam-se as árvores. Agitam-se as gentes!
O Sol brilha!
Sorriam!
Há lá melhor coisa do que Verão! Mesmo que venha só de visita, é sempre bem vindo.
Começa bem, a semana.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Feitios...

Enquanto jantava tropecei numa série do AXN em que uma senhora, que é médium, ajuda a desvendar casos de polícia porque todas as noites sonha com o que aconteceu. Acontece que ela leva uma quantidade de noites para conseguir juntar as peças do puzzle, já que cada noite lhe traz uma das peças.
Dei comigo a pensar que, se fosse eu, não me levantava da cama enquanto não visse o “filme” todo, nem que isso implicasse lá ficar uma semana inteira.

Se eu pudesse...

Se eu pudesse construía uma mansão. Uma mansão rodeada de varandas e de jardins. Uma mansão que albergasse os meus pais, os meus filhos, os meus netos por devir. Uma mansão em que cada um tivesse o seu espaço e onde houvesse espaços de todos.
Se eu pudesse construía uma mansão assim. Uma mansão que ninguém quisesse abandonar. Uma mansão de onde ninguém quisesse sair.
Se eu pudesse construía uma mansão.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Momentos

Há momentos em que alma transborda tanto que tudo se torna indizivel.

Espírito de contradição

Tenho dentro de mim um espírito de contradição que se lhe dizem que é sim ele corre a dizer não. Mas se lhe provam que é não, o tipo desunha-se para provar que afinal é sim, como se acreditasse que a verdade existe algures, escondida no meio do caos.

Outra vez as coisas e o tempo para elas

Tennessee Williams, o rapaz que me terá inteirinha só para si durante todo este fim-de-semana dedicado aos namorados, diz que "Há demasiadas coisas para dizer e pouco tempo para o fazer." Não posso estar mais de acordo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sexta-feira 13

So far so good!
Afinal parece que a sexta-feira 13 só é azar para alguns. Para outros pode até mesmo ser um dia de sorte.
Hoje decidi “não deixar os meus créditos por mãos alheias” e vai daí enfrentei o frio da manhã e pespeguei-me à porta de uma escola para entregar folhetos a tudo quanto mexesse. Só tenho pena que tenham sido poucos. Voaram num instante.
De mãos geladinhas, geladinhas, dei comigo a dar uns bons dias cantantes, a distribuir sorrisos e a estender papéis. E não é que fui bem recebida! E não é que recebi sorrisos e mãos estendidas de volta!
Abriu-se aqui um precedente mas, para a próxima, vou de luvas.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Tempo

O tempo nunca falta nem nunca sobra.
O tempo é o que é, e é sempre o mesmo.
O que varia, isso sim, é aquilo que nós fazemos dele.
Isto é verdade. Não tenho dúvidas.
Mas que ele, de vez em quando falta, lá isso falta.
Ou então são as coisas que queremos fazer que sobram.
Provavelmente será isso.
Vai-se a ver e foi isso que aconteceu, hoje sobraram-me coisas...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Do envelhecimento

Muito se tem falado acerca do envelhecimento. Tanto, que há momentos em que penso se não se tratará de uma doença mortal e contagiosa.
O culto da juventude anda tão exacerbado que até já há jovens convencidos que estão velhos, ou que para lá caminham a passos largos. Sendo que o tempo que lhes resta para isto ou para aquilo começa já a ser escasso.
Não falta aí gente cujo terror de envelhecer alimenta depressões e angústias que envelhecem, porque são exactamente as coisas que mais tememos que acabam por nos invadir de tanto pensarmos nelas.
É claro que, tal como a toxicodependência convém a todos aqueles que fazem fortunas prometendo a liberdade, esta “doença” chamada envelhecimento também convém aos que cortam, cozem, esticam e aspiram, prometendo aos “doentes” a eterna juventude.
Este “remar contra a maré” é feito com tanta energia, com tanto desespero que não deixa tempo para a aceitação de algo que é, evidentemente, inevitável. Então é vê-los por aí, quais bonecos de cera, esticadinho, esticadinhos e…de olhos baços, tristes que só eles porque afinal, aquilo não resultou tão bem como gostariam. Não andaram para trás no tempo, só o enganaram por mais alguns anos, e mal…
Como já tive oportunidade de dizer num post anterior, tempos houve em que a sabedoria dos velhos era considerada um estatuto respeitadíssimo. Nos tempos que correm todos fogem das rugas a sete pés, como se delas se pudesse, realmente, fugir.
Ansiarmos por algo que está ao nosso alcance, faz sentido. Ansiarmos por algo que é contrário ao inevitável, é doença. O tempo que se perde a engendrar mezinhas para fugir ao destino, seria muito mais bem empregue no engendro de uma forma de poder lá chegar em paz, harmonia e rodeados de amor. Isso sim…

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Da Coragem

Se alguém me perguntasse qual é a característica que mais admiro num ser humano, eu diria, sem hesitar, que é a coragem.
Não aquela capacidade de se atirar para a frente face ao perigo e à qual o vulgo dá o nome de coragem, mas a coragem de se enfrentar a si mesmo, a coragem de Ser e de enfrentar a vida com o que se tem.
Pode tratar-se de alguém com as piores características do mundo mas, se tiver a coragem de as assumir, de se revelar tal como é, eu não posso deixar de admirar.
Viajar pelo nosso interior, vasculhar os meandros mais profundos de cada Ser é, sem dúvida, um acto de coragem. Nada mais triste do que olhar os olhos de outro e vê-los cerrados, vazios no seu esforço para ser o que não é, para ser aquilo que ele pensa que os outros querem ou esperam que seja. As pessoas que se esforçam por se moldar aos outros, que se amachucam, que se escondem, causam-me sempre, mais cedo ou mais tarde, um certo desprezo.
Gente que se esconde de si mesmo, esconde-se da vida e esconde-se dos outros.
É da coragem que nasce a integridade, não da falta dela.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Palavrões

Sei que há quem defenda a utilização de palavrões. O Miguel Esteves Cardoso escreveu uma vez sobre eles, dizendo que, bem contextuados, faziam todo o sentido. Acho que tem razão. Bem contextuados fazem todo o sentido.
Palavrão, tal como a palavra indica, é uma palavra grande, poderosa. Tal como tudo o que existe, há palavrões bons e palavrões maus. Sendo que os bons servem para os bons momentos, e os maus para os maus.
Amo-te é um palavrão, tal como foda-se é outro palavrão.
Aquilo com que eu não consigo, não posso, concordar, é com a vulgarização do seu uso. Tenho por mim que as palavras perdem a sua força quando usadas por tudo e por nada, fora de contexto. As palavras fortes merecem contextos fortes. Só assim as respeitamos e só assim lhes conservamos o seu verdadeiro significado, a sua força. Usadas vulgarmente, tornam-se vulgares e, das duas uma, ou ficamos mudos nos momentos altos, ou teremos de inventar outras para substituir aquelas que vulgarizámos.

Finalmente!

Vá lá! Parece que agora acertei! Já há contador!
Isto quando dá para o torto é complicado. Na verdade, na maior parte das vezes, somos nós os obstáculos...

Contadores de visitas para blogs

Uma pessoa cria um blog e adiciona-lhe um contador de visitas. Para quê? Para ter uma noção de quantas pessoas têm paciência para ler o que lá se escreve.Então e não é que, de repente, assim, sem mais nem menos, o contador que já ia perto dos 1400, desaparece. Desaparece porque o site desapareceu!

Mas não há quem reja isto?!

Já andei à procura de outros, outros que me permitissem começar a contagem a partir do momento em que ela desapareceu. Não encontro! Ele diz lá que sim, que começa onde eu quero. Mentira! Não começa coisa nenhuma!

Isto hoje é, definitivamente, o dia das incompetências!
Até já me esqueci do canário...

Platão e o amor (o tal de platónico...)

Não gosto de ver pássaros em gaiolas. Nem peixes em aquários. Nem cães em espaços diminutos.
Já tive pássaros, muitos, em gaiolas. Mas acabo sempre por os pôr em liberdade. Uma vez andei semanas a ensinar um a voar.
Quanto aos peixes, acabam sempre por morrer, coitados. Creio que da loucura própria de quem anda, interminavelmente, às voltas e voltas…
Há alguns meses o meu filho aceitou uma prenda da namorada – um canário cantador. Não é um canário qualquer. Parece que tem pedigree. Canta que se desunha. E é amarelo. Baptizámo-lo de Ernesto.
É um passarinho alegre, delicado e, na ausência do filhote, a minha companhia. Gosto de o ouvir e gosto de o olhar. Dou por mim a falar com ele e, sempre que penso que devo estar a ficar doida, olho-o e vejo-lhe a cabecita de lado e os olhitos redondos a olharem para mim. Por momentos acredito que me ouve e que aprecia a minha companhia.
Acabei, inevitavelmente, por desenvolver afeição pelo animal. De resto é sempre assim. Depois acabam por ir primeiro do que eu e é uma chatice. Desde pequena que passo por isso. A casa da minha mãe parecia um jardim zoológico e, pelas lágrimas que acabo sempre por deitar, digo – Nunca mais!
Não serve de nada. Os bichos perseguem-me.
Hoje, estava eu numa animada conversa com o Ernesto quando dei por mim a sentir uma ternura tão grande por ele que só me apetecia agarrá-lo, apertá-lo e dar-lhe beijinhos. Foi aí que pensei que, se calhar, os pássaros existem para nos ensinar o amor platónico. Aquele amor que só pode ser manifestado por actos que não impliquem qualquer espécie de contacto físico. O amor à distância.
Platão dizia que era o mais puro. Sempre achei que o homem, nesse aspecto, não batia bem da bola mas, se calhar faz algum sentido. Se calhar é capaz de ser útil o seu conhecimento. Se calhar…

Segundas-Feiras Para Quê?!

Alguém que me diga para que servem as segundas-feiras!
Uma pessoa levanta-se cedo, disposta a tratar de uma série de coisas que são, pasme-se, importantes.
Chega-se ao banco. O gerente? Ah, e tal, não é hoje. Como não é hoje? disseram-me na semana passada que chegaria hoje. Pois...se for hoje só lá mais para a tarde. Então e o outro? o sub? Ele andava por aí mas saiu, acho que foi ao café. Daqui a uns dez minutos.........
..........Dez minutos depois........Quinze minutos depois....Bom, o melhor é voltar amanhã.
Pois...se calhar...
Entro no carro. Pego no telefone. Note-se que o assunto é outro completamente diferente.
O dito toca, toca, toca. Qual caixa de mensagens, qual quê! Toca até se cansar, ele e eu. Desligo.
Desisto.
Segundas-feiras?! Mas isso existe para quê?!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Da felicidade

Quando eu era miúda havia uma expressão muito engraçada para designar todos aqueles a quem nada acontecia ou que simplesmente iam passando pela vida sem sofrer alterações ou mudanças – andar cá para ver passar os carros eléctricos. Que é como quem diz deixar-se ir na corrente, sendo que a corrente é mansa e estável.
Ao longo da minha atribulada vida, momentos houve em que invejei esses sortudos a quem a vida poupa. Mais tarde apercebi-me, sem qualquer sombra de dúvida, que a sortuda era eu.
Não há outra forma de crescer, não há outra maneira de evoluir, a não ser aquela que nos vai estendendo obstáculos pelo caminho. É, sem dúvida nenhuma, na ultrapassagem desses obstáculos que está contida a possibilidade de nos virmos a tornar seres unos, inteiros. Seres que possam chegar ao fim da vida e dizer, com um sorriso nos lábios e paz no coração, felizes – Valeu a pena.
Contudo, não chegam os obstáculos, senão aquilo que com eles fazemos.
Não falta gente que nesses obstáculos veja motivo de revolta, de raiva, de dor. Não falta gente a quem os obstáculos mais não fazem do que distanciá-los de si mesmos e do mundo.
Há que aproveitar as rasteiras da vida para nos centrarmos no nosso interior e aprendermos o perdão, a benevolência, a compreensão e a aceitação do outro, tal como é, com todas as suas limitações e defeitos, reconhecendo que cada um nós dá sempre o seu melhor nesta curta passagem.
Só assim, semeando bons sentimentos, tiraremos verdadeiro proveito desses obstáculos que somos, tantas vezes, obrigados a transpor. Só assim nos poderemos tornar naqueles seres felizes com que todos sonhamos. Assim. E não de outra maneira. A felicidade não anda por aí. Está cá dentro. É uma capacidade, não um achado.

Finanças

Acabei de descobrir a causa dos meus problemas financeiros.
É que sempre que o meu horóscopo diz que é um bom dia para melhorar a minha situação financeira, vai-se a ver e...é domingo!

Generosidades

Ontem estive a ver um filme em que uma das personagens, uma jovem apaixonada, se despe com uma descontração comovente, à frente do homem a quem ama. Lembrou-me a generosidade e a descontração que existem no amor jovem e que se vão atenuando à medida que a vida se estica.

Maratona

Acabou de passar uma maratona mesmo por baixo da minha varanda!
Um corpo de gente vestida de todas as cores a correr para chegar sabe-se lá onde.
Continuam a passar. São tantos que a avenida encheu .
Também para isso servem certos domingos.

Acordar ao domingo

Gosto de acordar ao domingo e não ter nada para fazer. Nem casa para limpar ou arrumar; nem roupa para lavar ou passar.
Gosto de acordar ao domingo com espaços por preencher.
Gosto de ter este dia em que faço exactamente o que me vai apetecendo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Tu e Eu - No Teatro Aberto

Pegue-se na Alegoria da Caverna de Platão, substitua-se as sombras por um livro aos quadradinhos e a caverna por uma caixa. Em vez de vários homens, encaixote-se GarcEu e TUninho, este ainda por nascer, e teremos Tu e Eu, em exibição no Teatro Aberto. Nesta peça ninguém morre. Ninguém é forçado a abandonar a caixa. GarEu abandona-a porque quer conhecer o mundo que da pequena abertura lhe parece lindo e imenso. TUninho tem medo e fica.
Uma vez cá fora GarcEu conhece o Níquel e tudo se complica. O risco que corre de desaparecer é enorme. Salvo por TUninho, adopta o medo que este acabou por perder.
Uma hora e qualquer coisa, sem intervalo, que nem se dá por passar. Divertida e bem interpretada, esta peça deixa-nos com um final auspiciosamente feliz pela mensagem de libertação, de possibilidade de vôo, que nos transmite.
Recomendo.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Desabafos

Com esta história da internet todos os dias me entram pela casa dentro conselhos, pontos de vista, filosofias de vida.
Frases que me chamam a atenção para a suposta sabedoria, e todas as vantagens que ela acarreta, da minha idade. Outras que me dizem que ainda agora estou a meio do percurso já que a esperança de vida aumentou consideravelmente.
Se der ouvidos às primeiras fico com a sensação que pouco mais há para fazer, crescer ou aprender.
Se der ouvidos às segundas dou por mim a pensar que ainda agora comecei. E não sei se isso me agrada. Quando olho para trás vejo tanta vida vivida que temo não ter imaginação para outro tanto.
Diz-se que o Homem sempre sonhou com a imortalidade. A mim parece-me que esses são sonhos próprios de quem ainda mal começou. Não sei se serão sonhos de velhos…
Quando penso em imortalidade lembro-me dos elefantes e da forma como se arrastam por este planeta. Claro que também me vem à memória o Manuel de Oliveira. O problema é que a maior parte de nós não concretiza os seus sonhos pelo que se torna mais penosa e mais cansativa esta, até aqui breve, passagem.
Assim, por um lado me alegro pensando no manancial de hipóteses que ainda tenho. Por outro me canso só de pensar que ainda tenho de andar por cá outro tanto. Enfim…desabafos…

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quando se está prestes a rebentar...

Quem me conhece sabe que eu nunca digo o que não penso. Mas o que talvez não saibam é que nem sempre o que penso, digo.
Ou porque não acrescentará nada de novo ou de bom ao que já existe, ou porque não é o momento certo, a altura própria, às vezes sinto e penso coisas que guardo para mim, que não partilho.
Algumas dessas coisas tendem a crescer como ar dentro de um balão e há momentos em que nem todos os suspiros do mundo me conseguem convencer que, mais cedo ou mais tarde, não rebentarei.
Nessas alturas, é procurar um sítio isolado e gritar a plenos plumões.
Assim como assim não se diz a ninguém, diz-se ao mundo...

Conselhos

Sempre, ao longo da minha vida, me deparei com pessoas bem intencionadas que tinham, para todos os meus problemas, soluções óbvias que nunca hesitavam em partilhar. Elas sabiam exactamente o que eu deveria fazer fosse em que circunstâncias fosse.
Amiúde eu ia verificando que, se tinham soluções para os meus problemas, lhes faltavam completamente as soluções para os delas. Como se os problemas dos outros fossem de simples resolução, enquanto que os próprios tivessem uma complexidade incontornável.
Isto é uma "doença" que todos nós contraímos e que pode durar mais ou menos tempo dependendo da nossa capacidade de aprendizagem. É que não são os que nos dão conselhos a toda a hora que sabem muito. Não são aqueles que pensam saber exactamente o que fariam se estivessem no nosso lugar que sabem muito. São antes aqueles que sabem que nunca poderiam estar no nosso lugar porque as leis da Física nunca o permitiriam, e nem as do Universo já que cada um tem o seu próprio percurso e a sua própria bagagem para carregar.
Por outro lado é bem verdade que a distância, se não for em demasia, beneficia o campo de visão. É portanto natural que aqueles que nos olham, a nós e aos nossos problemas, fiquem com uma panorâmica bem diferente da nossa que estamos metidos no meio deles, engalfenhados neles, amalgamados com eles.
Daí que o que me parece realmente útil, não são os conselhos mas essa tal visão distanciada. É ela que nos ajuda a encontrar a solução certa para cada um dos nossos casos.
Fiquemo-nos, portanto, com as nossas soluções para os nossos problemas e partilhemos apenas as visões que temos dos problemas alheios. E, já agora, com o Jorge Leiria. Pensei em escolher o Carlos Mendes, sempre é o original, mas há que dar força à criançada e este miúdo é giro que se farta.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Do egoísmo e do altruísmo

Quando colocamos os nossos interesses à frente dos interesses de outrem, somos egoístas.
Quando colocamos os interesses de outrem à frente dos nossos, somos altruístas.
Parece simples mas não é.
Senão vejamos:
Que tipo de altruísmo praticamos se, na verdade, a alegria e o bem-estar de outros nos proporcionar uma alegria e um bem-estar maiores do que a nossa própria alegria e o nosso próprio bem-estar?
Eu estou em crer que Madre Teresa de Calcutá foi feliz. Teria ela sido tão feliz quanto foi se não tivesse dedicado a vida à causa a que dedicou?
Se a minha felicidade depender da felicidade dos outros, eu tentarei a todo o custo fazê-los felizes já que essa é a condição necessária para que eu mesma seja feliz. Estou a ser altruísta ou egoísta?
Na minha opinião um verdadeiro altruísta terá de sacrificar, realmente, a sua felicidade em prol da dos outros, e isso tem de ser doloroso. Para se ser altruísta tem de se sofrer. Tem de se amarfanhar o que se é, sem tirar daí prazer absolutamente nenhum. Ora um comportamento desses levará, mais cedo ou mais tarde, à depressão. O que me leva a crer que ninguém é altruísta por muito tempo.
O que me leva a crer que o egoísmo só é mau quando não se ama.
Quando se ama há que ser egoísta. É o que eu penso.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Dinheiro

Para muita gente o dinheiro é um impecilho e o facto dele ser necessário para tudo na vida, um peso desgraçado.
O que se queria, realmente, era viver no meio da natureza, onde tudo estivesse à mão de semear...
...mas com todas as comodidades, evidentemente.

Exijo. EXIJO e pronto.

Eu EXIJO que se coloquem câmaras na via pública que permitam identificar todos os "passeadores" de cães responsáveis pelos dejectos com que me deparo todos os dias e abundantemente em qualquer passeio português.
Eu EXIJO que se obrigue todas essas pessoas a pagar multas exorbitantes. Tão exorbitantes, mas tão exorbitantes, que só de as ouvir os dejectos desapareçam.
Criaturas, nós não vivemos num país de terceiro mundo.
Ó gentinha porca e mal-educada, vamos lá a apanhar o cócozinho que o cão faz e metê-lo num saquinho porque ninguém merece andar a pisar m...de cão a toda a hora.
E quanto à quantidade de animais que por aí beabulam, abandonados, espero sinceramente que quem teve a coragem de os abandonar arda nos quintos dos infernos.
Quanto àqueles que já nasceram sem abrigo, ó senhores das Câmaras Municipais, ó senhores das Juntas de Freguesia vejam lá se fazem alguma coisa, não vá o Universo virar-se contra vocês e começarem a aparecer, nas vossas ruas, às portas das vossas casas, os maravilhosos montículos castanhos do cãozinho do vizinho do lado.
Irra que é de mais!

Politiquices, Intempéries e sugestões

A West Wing da Casa Branca foi ocupada por um lusodescendente.
David Simas, de 39 anos, nasceu e cresceu nos E.U.. É filho de um açoreano que, em Moçambique, conquistou uma alentejana.
O título escolhido para esta notícia no DN é o seguinte:
Obama escolheu assessor português
No Público deparei com o seguinte título:
Pagamentos a advogados de Fátima Felgueiras são ilegais e deve ser exigida a sua devolução.
De repente veio-me à ideia a imagem desta senhora a rir-se que nem uma perdida desta cambada de pategos que somos nós.
Entretanto a neve não tem dado tréguas à maior parte dos países europeus.
Parece que Londres fechou para férias.
Vou terminar esta minha incursão que, esta semana, vem com um dia de atraso. O que justifica a pobreza e a brevidade das notícias que à segunda-feira são muito mais interessantes. (Isto para quem se atreveu a pensar que o único motivo era a minha preguiça ou indisposição...). Vou terminar, dizia eu, com uma sugestão que me parece pertinente e adequada aos tempos que correm.
Não sei se sabem mas, depois de Bush, foi agora a vez do primeiro-ministro chinês levar com um sapato aquando de uma visita à Universidade de Cambridge. Levar não é o termo correcto porque, ao que parece, o sapato passou ao lado, o que só por si comprova a falta de apontaria e o amadurismo do arremesso. O que me leva ao ponto de fazer a tal sugestão.
Porque não formar um grupo especializado? Chamar-se-ia Os Sapatos Voadores e teria como incumbência correr mundo para assistir a todo e qualquer aparecimento público de todo e qualquer político. Deslocar-se-iam cerca de uma ou duas dúzias (dependeria do número de pessoas que se conseguisse juntar), a cada encontro, comício, reunião...; espalhar-se-iam pelo recinto, misturados com a assistência. Estas pessoas, devidamente treinadas, agachar-se-iam e, no momento exacto, tirariam um dos sapatos, ou os dois dependendo do nível do alvo, que arremessariam com brio e determinação.
Escusado será dizer que se trataria de uma Associação Humanitária Sem Fins Lucrativos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Pequenos espaços

A minha mãe disse-me uma vez que quando eu e o meu irmão saímos de casa ela a percorria ininterruptamente sem saber onde parar ou para que lado havia de se virar.
A casa da minha mãe era grande.
A minha é pequena.
E a mim, hoje, parece-me uma jaula.

Solidões

Existem três tipos de solidão.
A solidão como estado de facto; a solidão como estado de alma e a solidão como estado de espírito.
A primeira, atrevo-me a dizer, é uma escolha. Uma escolha de eremitas, já que não a considero presente naquelas pessoas que vivendo, como se diz, sozinhas, têm por companhia um ou outro animal doméstico e, mais ou menos regularmente, sempre vai passando alguém por perto.
A segunda, a solidão como estado de alma, é para mim a mais triste, a mais dolorosa e a mais cruel. É uma solidão que nasce e vive cá dentro, independentemente da multidão que nos rodeia. É aquela solidão que se sente mesmo, ou mais ainda, quando se está rodeado de gente. É a solidão dos eternamente transparentes. É a solidão dos idosos que vivem no seio de famílias que nem para eles olham para não se enfadarem. Ou dos cônjuges que, estando casados e vivos, estão na verdade divorciados e mortos.
Depois há a outra, a solidão como estado de espírito. É, talvez, a menos má de todas. É aquela que se sente quando alguém que amamos parte para outras paragens. Sabemos que continua connosco, sabemos que estará sempre connosco, mas estando longe, deixa saudades. Foi este tipo de solidão que deu origem, em tempos, a esta palavra – saudade, que contém todos os bons desejos que se enviam a quem se ama. Saúde, alegria, e a certeza de que lhes sentimos a falta.
Este tipo de solidão não passa com o tempo e não precisa de tempo nenhum para se instalar. Por vezes até joga por antecipação. Por vezes, quase sempre, basta a certeza da partida para ela se instalar. Perde-se o apetite, a barriga dá voltas e aí está ela, instalada. Não se vê o dia do regresso. Quer-se que o tempo voe.
É este tipo de solidão que eu sinto, neste momento em que regressei a uma casa vazia.