Eis que entro no recinto! Mais do que atrasada, espreito por uma frincha. O meu amigo já está há uma hora de pé, em frente a uma tela onde passa um powerpoint. Hesito; ele pára tudo, manda-me entrar; abraça-me como de costume e aponta uma cadeira. Penso que me está a indicar um lugar vago mas não, está a apontar para uma pessoa. Olho essa pessoa e reconheço-lhe o olhar. Tudo, na sua cara, me é familiar. Instintivamente dirigi-me a ela e dou-lhe dois beijinhos. Ela faz-me uma grande festa e eu sento-me atrás, comprometida por ter interrompido a apresentação e confusa por não fazer a mínima ideia de quem é a pessoa que acabo de cumprimentar.
Pouco tempo depois toda a gente se levanta. Cumprimento uma série de pessoas e aproveito para acertar pormenores de uma parceria com um dos presentes, sempre de olhos postos na pessoa que cumprimentei à entrada e de cabeça às voltas a tentar lembrar-me de quem será! Ela dirige-se a mim, apresenta-me o filho e o marido e pergunta-me por uma quantidade de gente comum. E sicrana? E beltrana? E como foi que nunca mais nos vimos? E eu ia respondendo… a medo não fosse meter água pelo caminho. E meti! A dada altura ponho-a a viver num lugar que nunca foi. Meia engasgada, corrijo o disparate. Ela dá-me o telefone que eu anoto, sem nome…
Despercebidamente agarro o meu amigo por um braço e segredo-lhe ao ouvido: Como é que se chama aquela pessoa que me indicaste? Ele responde e eu fico na mesma. Mesmo assim faço o meu papel até ao momento em que dou com os dois a comentarem a morte de um amigo comum de outros tempos e pergunto-me o que é que ela tem a ver com esse que já morreu. A minha memória não responde e eu despeço-me, frustrada.
Assim que me sento no carro vejo-a há 30 e tal anos atrás: pequena; muito morena; com aqueles olhos inconfundíveis! À memória vêm-me momentos únicos que a ligam, indelevelmente, a mim; ao que morreu; e a todos os outros por quem perguntou.
O meu coração disparou. Agarrei no telefone e gritei para o bucal: Ó mulher! Só agora é que se me fez luz!
Assim que desliguei liguei para a sicrana: Epá! Tu lembras-te da…? Então não é que…!
São estas, principalmente, as alturas em que tenho consciência da idade e do tempo que já passou.
Pouco tempo depois toda a gente se levanta. Cumprimento uma série de pessoas e aproveito para acertar pormenores de uma parceria com um dos presentes, sempre de olhos postos na pessoa que cumprimentei à entrada e de cabeça às voltas a tentar lembrar-me de quem será! Ela dirige-se a mim, apresenta-me o filho e o marido e pergunta-me por uma quantidade de gente comum. E sicrana? E beltrana? E como foi que nunca mais nos vimos? E eu ia respondendo… a medo não fosse meter água pelo caminho. E meti! A dada altura ponho-a a viver num lugar que nunca foi. Meia engasgada, corrijo o disparate. Ela dá-me o telefone que eu anoto, sem nome…
Despercebidamente agarro o meu amigo por um braço e segredo-lhe ao ouvido: Como é que se chama aquela pessoa que me indicaste? Ele responde e eu fico na mesma. Mesmo assim faço o meu papel até ao momento em que dou com os dois a comentarem a morte de um amigo comum de outros tempos e pergunto-me o que é que ela tem a ver com esse que já morreu. A minha memória não responde e eu despeço-me, frustrada.
Assim que me sento no carro vejo-a há 30 e tal anos atrás: pequena; muito morena; com aqueles olhos inconfundíveis! À memória vêm-me momentos únicos que a ligam, indelevelmente, a mim; ao que morreu; e a todos os outros por quem perguntou.
O meu coração disparou. Agarrei no telefone e gritei para o bucal: Ó mulher! Só agora é que se me fez luz!
Assim que desliguei liguei para a sicrana: Epá! Tu lembras-te da…? Então não é que…!
São estas, principalmente, as alturas em que tenho consciência da idade e do tempo que já passou.
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