A EDP cobra pouco pela energia que vende praticamente em exclusivo (estou a pensar nessa firma espanhola que anda por aí a tentar fazer concorrência sem grande sucesso). E o pouco que cobra não dá para suportar os salários extravagantes de que usufrui o pessoal que por aí anda a ler os contadores. Por isso é que só vêm de três em três meses; por isso é que só emitem, em certas localidades, facturas de dois em dois meses.
A contrapartida de se pagar a energia tão abaixo da média comunitária (ahahahahahahahah) é a obrigatoriedade de colaboração gratuita.
Então é assim – pode requerer-se a facturação mensal e pode até pagar-se apenas aquilo que realmente se consome, sem estimativas nem acertos de contas. Para tal temos de nos transformar numa espécie de funcionários da EDP sem remuneração – voluntários... Comprometemo-nos a telefonar todos os meses a dia certo (sendo que as despesas do telefone serão, evidentemente, por conta própria), para fornecer à Companhia as leituras que figuram no contador. Se este for bi-horário e, portanto, um pouco mais difícil de interpretar, um dos privilegiados funcionários da EDP disponibilizar-se-á para nos instruir, via telefone, sobre os números a fornecer mensalmente e o dia certo para o fazer (entenda-se que estas chamadas serão sempre por conta do consumidor).
Desta forma, simples, evitar-se-ão facturas de valores exorbitantes, que é como quem diz, evitar-se-á o pagamento, em Julho, de toda a energia que se consumiu durante o Inverno. E evitar-se-á, sobretudo, que o nosso dinheiro repouse na EDP durante dois ou três meses, período que medeia as contagens da Companhia cujas estimativas são sempre, mas sempre, feitas por cima não vá o diabo tecê-las e os nossos fornecedores, tão esforçados, irem à falência…
Aos poucos, e quase sem darmos por isso, têm vindo a ser-nos subtraídos vários serviços, ao mesmo tempo que a inflação vai aumentando substancialmente o preço dos produtos.
No preço da gasolina estava incluído o serviço de um funcionário que nos poupava ao frio e ao toque pouco higiénico das “pistolas” das gasolineiras.
No preço da roupa estava incluído o salário de quem verdadeiramente nos atendia, e não de meia dúzia de arrumadores e vigilantes.
No preço da água e da luz…
…e por aí fora, que quanto mais pagamos menos serviços temos e mais desemprego…
...e por aí fora porque há, seguramente, quem ganhe cada vez mais, muito mais…
... e agora é a parte em que saltam as asneiras para aliviar a tenção, mas como o texto já vai longo deixo-as ao vosso critério.
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