quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ao encontro do desencontro

O que fazer quando a vida se resume a um mau timing? As coisas até se fazem; as ideias até se têm e muitas delas até se concretizam. Mas fora de tempo. A loja deveria ter sido alugada antes de a casa ter sido vendida; a casa deveria ter sido vendida antes de a crise se manifestar; a firma deveria ter nascido há mais tempo, bem como a compra da casa… E isto para dar apenas as últimas notícias, porque se quiser fazer uma retrospectiva não me faltarão desencontros – atrasos, antecipações.

Como se faz? Como é que se sabe que está na hora disto ou daquilo?

Prevê-se; calcula-se; projecta-se; programa-se…adivinha-se; pressente-se…Uma mistura, enfim, de concreto e abstracto que dá trabalho sem garantias nenhumas. Um misto de inteligência e visionariedade, unidos no desejo de poder e controlo – poder e controlo sobre a própria vida, evidentemente.

Haverá quem consiga? Assim, desta forma? A partir de receita elaborada com base nesta dicotomia de opostos? Ou é tudo treta e as previsões “cautelosamente” calculadas mais não são do que fellings e é com assento em fellings que se tomam todas as decisões importantes e eu ando para aqui convencida que tenho de saber disto e daquilo, que o que me falta são conhecimentos, de gestão, de economia, de comportamentos de mercado…quando o que me falta são “tomates” para me afastar, de vez, desse “racionalista da Bíblia”[1] que foi S. Tomé e escutar o que me diz o espírito, lugar de todos os fellings, casa onde habitam todos os pressentimentos?


[1] Pascoaes, Teixeira, O Homem Universal e Outros Escritos, Assírio & Alvim, p. 101.

1 comentário:

CF disse...

O fora de tempo, e a mim, pessoalmente, complica-me. Já me atingiu vezes de mais...