Em 1979, perto de Amesterdão, conheci um inglês, um irlandês e um escocês – três amigos, trabalhadores da construção civil que estavam a cumprir um daqueles contratos temporários e específicos e que regressariam às suas terras após a conclusão dos ditos.
Muitos portugueses buscam contratos deste tipo e há os que vão daqui para Espanha, França ou Holanda, deixam-se ficar por lá os meses necessários à conclusão dos trabalhos e regressam em busca de um outro, temporário também, que remédio...
Creio fazer isto parte da livre circulação de pessoas e bens, ainda que saiba de fonte segura que esquemas destes nasceram muito antes da nossa entrada na UE.
O que mudou talvez foi a natureza de Portugal – de país fornecedor de mão-de-obra, passou a país comprador da dita e, enquanto a construção civil andou (mais ou menos bem…) a coisa dava para “enfiar” os clandestinos que vinham de leste ou do Brasil em busca de mais e melhor.
Estamos em crise, toda a gente sabe. Uma crise que, pelos vistos, atinge mais os países que até há pouco “compravam” mão-de-obra, do que aqueles que a “forneciam”.
Assim sendo o que andam por cá a fazer romenos de mão estendida, em busca de esmola e trabalho? Não será altura das embaixadas, consulados, o que for… ajudar estes compatriotas a regressarem aos seus países? É que para andarem de mão estendida que andem entre os seus porque eu, se precisar de alguém (e puder pagar, evidentemente) para me pintar a casa, me soldar um cano ou me arranjar uma máquina, não escolherei um romeno se ao lado estiver um português com fome.
3 comentários:
Felizmente, as coisas não são assim tão lineares.
Eu sei que não Nuno :) Só não tenho a certeza se é felizmente. E se cada um de nós tivesse efectivamente lugar no sítio onde escolhesse estar ( e não no sítio onde está por não ter outro remédio)?
É um assunto difícil. Nem sei o que diga...
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