Ontem, em conversa amiga, cheguei à conclusão que o mundo está de tal forma intrincado que eu, por muito que queira, não sou capaz de o salvar. Por muito que me indigne, os chineses continuarão a ser explorados (e se fossem só eles…enfim…); a corrupção continuará a encher os bolsos a uns e a deixar outros na miséria (se assim não fosse as “damas” angolanas não fariam uma quantidade inacreditável de horas de avião para virem ao cabeleireiro, enquanto compatriotas seus lutam por uma gota d’água e por um pedaço de pão…); os pedantes continuarão a exercer a sua sobranceria e os crimes domésticos, que é como quem diz, a violência exercida por quem acredita deter poder sobre outro, continuará a existir, e por aí fora, que isto, infelizmente, é uma lista que nunca mais acaba…
Mas posso sempre tentar, a despeito das opiniões alheias, posso sempre tentar mudar o meu pequeno mundo. Posso indignar-me, barafustar e não consentir. Posso compreender, aceitar e condescender. Ele há coisas que posso fazer, disso não tenho dúvidas, mas a mais importante de todas, aquela que é fundamental é Ser. É aí que entra o inferno que são os outros sempre que querem mudar o seu pequeno mundo e se indignam e não consentem naquilo que sou.
O beco era escuro e eles novitos – entre os 16 e os 18, não tinham mais. Deixa-me!, dizia ela barafustando e gesticulando braços enquanto o corpo tentava ultrapassar a barreira móvel formada pelo dele que insistia que, Se és minha namorada fazes aquilo que eu quero e estás a gritar para quê, é para ver se alguém te salva?!
Alguém salvou. Pelo menos ontem, alguém salvou. Fica agora a cargo dela a salvação total.
Trocamos as voltas uns aos outros, ou tentamos pelo menos, e a nossa maior lástima é estarmos irremediavelmente presos a eles; é serem eles as únicas fontes onde podemos ir bebendo tudo aquilo que vamos sendo por essa vida fora! Que inferno! E que alegria ter esse poder!
1 comentário:
Como diz o outro:
"O diabo está nos detalhes". Ou seja, nas pequeninas coisas que de repente se tornam grandes.
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