sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Do perdoar

Falava-se de perdão; de actos imperdoáveis. Questionava-se a possibilidade e a impossibilidade de perdoar. Mediam-se crimes; pesavam-se gravidades; ditavam-se penas e castigos; aplicavam-se sentenças.
A quem pesa o rancor? A quem padece de raiva.
Não que o perdão seja fácil. Não é. Mas quem beneficia realmente com ele? O ofensor ou o ofendido?
É que mesmo aqueles que conseguem o perdão institucional, ainda que sejam inocentes raramente conseguem o perdão daqueles que acreditam ter sido as suas vítimas. E mesmo aqueles que são condenados pelos tribunais e que cumprem penas, raramente satisfazem a sede de vingança daqueles que acreditam ter sido as suas vítimas.
E aos condenados, como aos ilibados, tanto se lhes dá porque não sentem o rancor, a revolta e a raiva das vítimas. Mas as vítimas, essas sim, essas arrastam pela vida fora o veneno da raiva, da revolta e do ódio. Essas, são vítimas duas vezes – primeiro dos agressores e depois delas mesmas, os agredidos.
Não é fácil perdoar, mas é muito mais saudável e, sobretudo, muito mais libertador.

1 comentário:

Sputnick disse...

Depende, cada caso é um caso. Perdoar,sim. Esquecer,não.