terça-feira, 26 de julho de 2011

Os novos "amigos"

Como acontece sempre que estamos directamente envolvidos seja no que for, escapa-se-nos a real dimensão da coisa.

Não há muitos anos que o nosso mundo era um mundinho, pequeno, reduzido à insignificância do núcleo familiar ao qual se acrescentavam os amigos e vizinhos à proporção que o nosso espaço, físico e psíquico, o permitisse. Sendo que muitas vezes uns e outros eram os mesmos, porque a distância mandava, se mandava! E perder um vizinho que se mudava para longe era perder um amigo, mais carta menos carta…  

Hoje vivemos embrenhados nas redes sociais e todos nos conhecemos, mesmo que nunca nos tenhamos visto, todos fazemos parte de uma globalidade que nos transmite um falso sentido de pertença.

O que é um amigo? Que significado tinha, e que implicação, os termos – O meu bairro; A minha rua; A minha terra? O mesmo que tem agora – A minha página? O meu grupo? No way!!!! Nada disso!!! Nem parecido!

No meu bairro; na minha rua; na minha terra, as pessoas ajudavam-se umas às outras. As pessoas “acudiam-se” quando era preciso. “Valiam-se” umas às outras. Na minha página, no meu grupo, eu fico a saber o que é que este aquele e o outro andam a fazer; tomo parte activa ou passiva em discussões que não levam, a maior parte das vezes, a lado nenhum. Mas, se precisar verdadeiramente de ajuda, não é lá que a vou buscar e, pior do que isso, sem nos apercebermos, esta nova forma de “pertença”, este novo sentido, está a infectar o anterior quando o ideal, o que podia ser mesmo LINDO, seria o contrário – seria que este "alargamento" fosse MESMO um alargamento dos círculos de cada um e cada um se pudesse sentir cada vez mais seguro e apoiado como quando a mercearia fechava e, sendo já tarde, sabíamos de fonte segura que, se não fosse o do lado, o vizinho da frente haveria de ter uma lata de conserva para nos desenrascar.

Agora, por via dos novos amigos, aos antigos tanto lhes faz que as imagens apareçam no écran do computador, na escada do prédio ou no café da esquina. É tudo a mesma coisa. Está tudo à mesma distância - a de um clique.

1 comentário:

Sputnick disse...

ou seja, muita parra e pouca uva, ou nenhuma.
(vê se apareces sábado, ontem foi a bombar)