sexta-feira, 24 de abril de 2009

Da Simplicidade e da Complicação

Ele há pessoas simples e pessoas complicadas.
As pessoas simples olham para uma árvore e vêem…uma árvore. Quando muito, se estiverem bem dispostas, são capazes de pensar – Que linda árvore! Isto se estiverem bem dispostas, porque se estiverem com os azeites nem isso pensam.
As pessoas complicadas olham para uma árvore e vêem um ser vivo da espécie vegetal. Quer estejam bem ou mal dispostas matutam, matutam. Comovem-se e matutam – Que idade terá? O que terá ela visto? Como se sentirá? E ficam pespegadas, se for preciso de peito a arder, a pensar na árvore, a sentir, ou a tentar sentir, a árvore.
As pessoas simples, quando encontram uma pedra no meio do caminho, se puderem nem olham para ela, fazem um ligeiro desvio para a esquerda ou para a direita, um pequeno menear de anca e aí vão elas sem passar o mínimo cartuxo à pedrita ou ao pedregulho que jaz, abandonado, no meio do caminho.
As pessoas complicadas, quando encontram uma pedra no meio do caminho, páram. Páram; olham-na e meditam. Meditam no significado da pedra, que variará consoante o tamanho da dita; meditam no que significará o facto de ela se encontrar ali, naquele preciso lugar, naquele exacto momento, como se as pedras tivessem vontade própria e se arrastassem nos momentos certos fosse para onde fosse.
É claro que as pessoas complicadas, uma vez que têm uma certa apetência para ver coisas que as simples não vêem, sempre vão tendo outros mundos para partilhar, outras “realidades” para mostrar a quem só vê pedras e árvores. Essa pode, e deve, ser a sua utilidade.
Quanto às pessoas simples podem sempre ir ensinando os outros a serem…simples. Pode parecer um pouco ôco, um pouco superficial, mas dá jeito, de vez em quando.

1 comentário:

Anónimo disse...

Claro que este post está propositadamente exagerado para melhor expressar duas formas distintas de viver.
Porém, nem tudo é branco ou preto. A vida tem nuances, ou seja, existem pessoas extremamente complicadas,outras extraordinariamente simples que não "vêem/ligam" à árvore ou à pedra mas também há pessoas que, as vendo, não valorizam tudo pela mesma bitola: dão, instintivamente, a importância que os diversos acontecimentos merecem para si ou, numa forma mais elaborada, ponderam/valorizam a importância que lhes querem atribuir. Se quiserem... é uma forma de se defenderem das "agressões" do mundo exterior. Doutra maneira correm o risco de se deprimirem por influência de tanta coisa má com que a vida nos bombardeia. Daí a tentação de lhes apelidarem de egoístas. Nem todos são Madre Teresa de Calcutá.
Nem 8 nem 80. "Pode" haver meio termo?