sexta-feira, 19 de junho de 2009

Momentos

Sempre que ao fim da tarde entro na casa dos meus pais, mesmo que seja de fugida, acabo sentada no maple da sala, entre os dois.
Ficamos ali; trocamos meia dúzia de palavras, às vezes mais, mas acabamos sempre por ficar ali, os três , a olhar o écran da televisão que está, a esta hora, invariavelmente acesa.
Às vezes comentamos esta ou aquela cena, desta ou daquela novela. O meu pai não dispensa as novelas. Vive-as alegremente; ri-se delas; distrai-se da vida.
Por vezes acontece não falarmos durante uns minutos. E é nesse silêncio que a paz mais se instala. É um aconchego, uma proteção, um abandono tal que os meus olhos ameaçam fechar, o meu corpo tende ao abandono e toda eu sossego na certeza de que nada, mas mesmo nada, me pode atingir enquanto os tiver, assim, a zelar por mim.