Queixamo-nos amiude dos políticos mas na verdade muitos de nós, se não todos, somos, ou julgamos ser, políticos encartados.
A democracia pressupõe a possibilidade de uma escolha consciente. Escolho A, B ou C porque neles acredito, porque defendem o que eu acho que deve ser defendido, porque são competentes.
É assim que deve ser.
No entanto, há quem escolha A, porque não gosta de C, ou C, porque não gosta de B. Este tipo de mentalidade, procedimento, alimenta e pressupõe um país onde - 1º - Só existem dois partidos o resto são fait-divers; 2º - Ao contrário do que parece os eleitos não o são por capacidades próprias mas por supostas incapacidades dos demais.
A consequência deste tipo de mentalidade traduz-se num país onde a governação alterna de tempos a tempos, colocando no poleiro sempre os mesmos, só que à vez. Temos, à semelhança do Reino Unido, governos de alternância que, ao que parece, não satisfazem mas, do mal o menos...
Este estado de coisas alimenta outras como o fundamento para protestarmos constantemente e o desinteresse que acaba por se gerar numa grande parte da população que, pensando que já nada adianta, tira o rabo de fora e vai mas é para a praia ou para o campo ou para o raio que a parta.
Sempre ouvi dizer que cada país tem o governo que merece. Eu gostaria um dia de ver o que nos aconteceria se realmente todos nós votássemos em consciência, sem "estratégias" políticas, sem jogos, mas honestamente empenhados em contribuir com a nossa opinião, honestamente empenhados em participar, na consciência de podermos, cada um de nós, fazer a diferença sem medo de estar sozinho porque, na verdade, nunca se está, há sempre quem partilhe das nossas ideias, embora não venhamos a saber quantos enquanto nos faltar a coragem para as expor. Porque os votos são uma obrigação de cidadania e há sempre a hipótese do voto branco que, mais do que uma opinião, é um protesto.
Enquanto estabilizarmos no medo de levantar a voz e gritar bem alto que quem por lá anda não serve e terão de vir outros; enquanto formos dando a uns só porque achamos que é urgente tirar a outros, aquilo que na realidade andamos a fazer é a mudar as moscas, porque a merda, na opinião desses "estrategas", será sempre a mesma e eles sabem-no. Pior do que isso - sabem-no e estão-se nas tintas.
7 comentários:
A sra. pedagoga e escritora deveria saber que votar quer dizer escolher.
As escolhas podem fazer-se pela positiva (vou comprar um carro xpto vermelho) ou pela negativa (não vou comprar nenhum carro porque perfiro motas).
Assim, é bem de dizer que se vota quando se prefere, ou na ausência de preferência, se vota no que não se prefere.
Mas o voto é um direito de cada um de nós o qual deve ser SEMPRE exercido EXCLUSIVAMENTE de acordo com a consciência de cada um.
O tempo de comentadores e fazedores de consciências já lá vai...
Nesse tempo o voto não era livre!
Hoje já não precisamos de papões ou, pior, de amostras de papões para nos dizer como fazer... ou como votar!
faz-me arrepios ouvir "voto estratégico"... não sou pela mania que existe agora de que tudo é estratégia (ora bolas, estou a fazer um mestrado em estratégia), mas porque um voto não deveria vir com esse adjectivo atrás. o problema dos portugueses não é só existirem dois catch all parties, mas sim o facto de para castigarem os últimos, votarem nos outros, e obviamente que assim nunca se vai a lado nenhum. o problema dos portugueses é estarem-se nas tintas para coisas como o BE - coisas, sim - que sugerem que médicos "receitem heroína"... e lhe darem votos para castigar outros, e depois temos anormais como o Rui Tavares no Parlamento Europeu, que assina como historiador, e tirou história de arte...
Arrepios fazem-me certas afirmações "recheadas" de ignorância como a do (a) R.L.:
"anormais como o Rui Tavares no Parlamento Europeu, que assina como historiador, e tirou história de arte..."
Embora não tenha nada a ver com o BE, nem com o tal de Rui Tavares, sei por acaso que é licenciado (antes de Bolonha) em História (com variante Arte), logo se assina historiador está plenamente no seu direito!
Que fácil é aos ignorantes chamarem anormais aos outros...
Ai que país tão pequenino...
Não vale a pena zangarem-se :):):)
acho de um enorme pretensão, uma pessoa jovem daquela idade, assinar historiador e, ao mesmo tempo, escrever crónicas na Blitz. Recheadas de ignorância ou não, agorra poderia assinar:
R.L. Cientista Política e não assino ou estrategista e não assino. Aliás, há quem não assine nada, nem o nome Sr (a) anónimo.
"Agorra" poderia asinar qualquer coisa, desde que vedadeira.
Em termos de honestidade tanto vale assinar Anónimo ou R.L.
Pelo menos eu assumo às claras... ou prefere T.F. ou quiçá O.H.
Pois poderia "asinar" qualquer coisa. A sua brincadeira saiu-lhe mal. Raquel Lacerda, prazer.
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