Não há muito tempo esta menina perguntava no seu blog, quem somos? quem, realmente, somos?
Hoje uma outra pergunta me ocorreu para juntar a esta – O que é, para cada um de nós, qualidade de vida?
Relativamente à primeira pergunta, deixo aqui algo semelhante ao que deixei na janela de comentários da Miss Kin – Somos tudo aquilo que vive escondido debaixo da nossa hereditariedade, da nossa educação e da nossa cultura. E acrescento - mesmo que sejamos, e somos também, o conjunto de tudo isso, a nossa essência, a nossa singularidade, reside aí e, para a descobrirmos, teremos de ser capazes de dissecar uma por uma e cada uma destas influências que nos mascaram, ainda que nos componham.
Não digo que nos desfaçamos delas, evidentemente. São preciosas, fazem parte de nós, também. O que digo é que se nos queremos descobrir, não existe outra forma de o fazer.
Quanto à segunda pergunta, sendo mais comum de tão alardeada por todos aqueles que se rogam o direito de a vender, à qualidade de vida entenda-se, a resposta parece mais fácil e até muito mais óbvia do que a primeira. No entanto, se pensarmos bem na primeira, chegaremos à conclusão que a segunda é tão particular quanto ela.
Senão vejamos – quem é que nos garante que o sucesso, a riqueza e a saúde são sinónimos universais de qualidade de vida?, quem é que nos garante que uma vida simples, remediada e humilde não é, para muita gente, uma vida de qualidade?
O que seria a qualidade de vida para um cego? Poder encontrar, escritos em Braille, todos os livros que quisesse? Seguramente que isso melhoraria a sua qualidade de vida, mas isso só e apenas se ele gostasse de ler.
E para um paraplégico? Poder circular por todo o lado com a sua cadeira de rodas? E se ele nem sequer gostar de sair de casa?
Eu já vivi no Algarve, em condições privilegiadas. Para qualquer olhar menos atento, eu tinha uma excelente qualidade de vida. Isto sim é vida, ouvi de muitas bocas. Não fui feliz.
A qualidade de vida passa por ver satisfeitas todas ou a maior parte das nossas necessidades particulares, não das básicas, não das elementares, mas das particulares. Necessidades que só conheceremos quando conhecermos a nossa particularidade.
Ao Governo cumpre zelar para que as nossas necessidades básicas sejam, o mais possível, satisfeitas; a nós cumpre-nos lutar para melhorar, todos os dias, a nossa qualidade de vida.
E como dizia o saudoso Solnado – Façam o favor de ser felizes.
1 comentário:
Bom, estava a pensar deixar uma achega, mas disses-te tudo. É isso mesmo, essas necessidades particulares, que uma vez descobertas devemos satisfazer...
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