sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Das acções

Qualquer acção desempenhada por dever, obrigação, imposição ou repetição, é uma acção sem alma, logo é uma acção falsa que torna falsos todos os seus objectivos. O papagaio, quando repete os disparates que o dono lhe ensinou, não faz a mínima ideia do que está a dizer, é por isso que ninguém liga nenhuma ao que diz o papagaio.
Há muitos anos alguém me disse que os alimentos devem ser mastigados cem vezes para que o organismo os assimile devidamente, para que não engordem, para que a digestão se faça de uma forma correcta e inócua. Tentei várias vezes e a única coisa que consegui foi cansar os maxilares e alguma ansiedade provocada pela sensação de perda de tempo. Só recentemente compreendi que pouco interessa se são cem, cinquenta ou duzentas as vezes que se mastiga um alimento, o que na verdade interessa é que, ao fazê-lo, o saboreemos de forma a que a sua alma se misture com a nossa e que ele passe a fazer parte integrante de nós ainda antes de descer ao estômago.
Compreender a alma das coisas é compreender todos os porquês. É dar sentido aos nossos actos. É criar objectivos sólidos e válidos, que na verdade nos ajudam e nos aliviam a carga que a vida tende a depositar em todos os ombros.
Se em vez de darmos ordens às crianças lhes mostrássemos a alma de todas as coisas, provavelmente formaríamos adultos mais responsáveis, mais autónomos, mais válidos e mais humanos.
Mas quem é que tem tempo para isso?! Pior, quem é que está preparado para isso?!...

1 comentário:

CF disse...

Ora ai está uma grande verdade...