sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O amor e as pressões

Eu acho que ninguém gosta de ser pressionado, mas todos tendemos a pressionar quando o nosso parceiro é daqueles que respira liberdade e pouca apetência para os compromissos imediatos.

Li há pouco num destes blogs aqui ao lado, que os homens não gostam de pressão. Creio que as mulheres também não. A pressa é inimiga da perfeição, sempre ouvi dizer isto e creio que é verdade. Correr desenfreadamente numa relação dá ao outro a sensação de desespero e gera uma ansiedade da qual todos nós tendemos a fugir.

Mas se é assim com as relações afectivas o caso não muda muito no que diz respeito às outras vertentes da vida. Veja-se, por exemplo, a abismal diferença entre um prato cozinhado à pressa, e um outro cozinhado com amor e carinho, em lume brando. É certo que nesta correria de vida que todos ou quase todos levamos, poucos são os que os distinguem, aos pratos, mas que a diferença é abismal, é, e se não somos já capazes de a confirmar é só porque perdemos qualidades; e se em cada relação procuramos urgentemente um poiso confortável, convencidos que amamos desmedidamente, é porque perdemos o dom da paciência num mundo onde tudo é industrial e onde as coisas artesanais deixaram de ter sentido ainda que todos saibamos que são superiores em qualidade.

Quando numa relação os ritmos são diferentes, e são-o quase sempre, há que respeitar o ritmo mais lento. Se é para chegarem a algum lado convém que um espere pelo outro e não o queira levar a reboque porque ninguém gosta de andar a reboque a não ser, é claro, que um deles seja cego…

Então hoje não nos vemos?!, quando nos vimos já no dia anterior, ou Onde é que andas?!, de meia em meia hora, é meio caminho andado para o fracasso. Quem quer respirar a dois não pode tapar o ar ao parceiro ou correrá o risco de ficar a respirar sozinho. O velho lema que diz que quando dois se amam passam a ser um, é falso e pernicioso. Quando duas pessoas se amam, passam a ser três – eu; tu e nós, porque o respeito é muito bonito e, como disse uma vez Saramago – mais tem quem ama do que ama quem tem…

3 comentários:

Rapunzel disse...

Sentir-me pressionada é meio caminho andado para...deixar de sentir!

Goldfish disse...

Vou mostrar o seu texto a uma pessoa amiga que não anda pela blogosfera e, por isso, é difícil vir aqui espreitar. Ter tempo para ter auto-conhecimento e, consequentemente, paciência, é muito difícil neste nosso mundo de correrias. É um mundo de oportunidades, sem dúvida, mas é tantas vezes tolhido pelas exigências desse mesmo mundo...

P.S. - já deve ter reparado, ando muito comunicativa... até demais!
:(

CF disse...

:) Adorei o final Antígona. E subscrevo, totalmente...