Os homens não gostam das mulheres. Talvez já tenham gostado, não sei. Mas agora não gostam. Exceptuando as filhas. Essas são, na sua maioria, verdadeiramente amadas pelos pais, talvez porque são a prova provada da sua virilidade incontestável.
Antigamente a doçura, a submissão e a ignorância das mulheres faziam-nas amadas. Eram seres frágeis, a proteger. Seres que a toda a hora testemunhavam a força, a capacidade, a virilidade do homem. Por sua vez elas amavam também. Apaixonavam-se pela protecção que recebiam e pela tranquilidade que ela lhes dava. Acreditavam na superioridade dos seus companheiros, na sua magnificiência, na sua sabedoria. Entregavam-lhes as suas vidas e quando, por qualquer motivo, se sentiam ludibriadas, tinham medo de o expressar e guardavam o seu descontentamento, a sua desilusão, até ao sufoco.
Hoje são os homens que se sentem ludibriados. Perdidos entre a imagem ainda fresca, afinal um século não é nada, da mulher dócil e submissa; carinhosa e compreensiva e esta, da mulher exigente e lutadora, mais capaz que muitos deles. Esta, da mulher que não confirma a todo o momento a sua extraordinária virilidade, se é que a confirma alguma vez.
A partir do momento em que a humanidade compreendeu o papel que o homem desempenha na procriação, carregou sobre o sexo masculino uma responsabilidade que extravasa, muitas vezes, a sua competência. Até a sua vontade. Deu-se ao sexo uma importância primordial, creio que com Freud a encabeçar a dita, e agora todos nós sofremos com esta incapacidade de comunicarmos uns com os outros, de nos conhecermos, de nos darmos, de confiarmos, de nos amarmos.
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