Um dia mau é aquele em que acontecem coisas más. Um dia bom é aquele em que não acontece nada de mau.
Porque se algo de bom realmente acontece nem se fala nisso, não vá o diabo tecê-las...
Somos viciados em sofrimento. Morremos de saudades como se tivessemos vivido, numa outra vida qualquer, aventuras tão extraordinárias que, embora tenhamos consciência de que nada na vida se repete, procuramos incansavelmente reviver. Reproduzindo-as. Repetindo-as. Se não elas quaisquer fantasmas delas.
Devemos ter vivido situações tão extremas que não conseguimos dissociar o prazer da dor. Tornámo-nos algo masoquistas. Precisamos da desgraça para nos sentirmos vivos. Precisamos tanto dela que ela acaba por vir. Devagar, dissimulada, mesquinha, porque são as pequenas desgraças do dia-a-dia que nos alimentam e não aquelas catástrofes que vemos, pela televisão, devassar outros lugares. Essas não as chamamos por medo que venham e depois não teríamos mais motivos para sermos, mesquinhamente, infelizes.
1 comentário:
Se o país tem sol, abramos as janelas (e as persianas e as cortinas e os olhos (e os olhos!)...)
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