São raros os momentos em que gostamos verdadeiramente de estar como, onde e com quem queremos estar.
Se estamos sozinhos, o sentimento de abandono tende a crescer exponencialmente transportando-nos para as margens dos rios onde correm a morte da vontade e a muito baixa auto-estima.
Se estamos acompanhados, somos invariavelmente perseguidos pela saturação, que tende a disfarçar-se de quotidiano, de hábito ou de rotina, e que vai crescendo tão exponencialmente quanto crescia antes o sentimento de abandono, do qual já nos esquecemos ou que simplesmente não nos queremos lembrar.
Este é o sentimento, ou o estado de espírito, que nos transporta para as outras margens dos mesmos rios. Aquelas onde corre a auto-estima e a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, arranjaremos muito melhor, de que mais vale só do que mal acompanhado e, sobretudo, sobretudo - de que ainda não foi desta que encontrámos o amor da nossa vida, mas que ele virá, sem dúvida virá, se possível até, montado num típico cavalo branco.
É o síndroma do António (o Variações) em todo o seu esplendor.
E é assim que nos "livramos" duma rotina para cairmos, invariavelmente, noutra - a nossa.
Voltam então os momentos em que quase desaparecemos outra vez, sugados pela tristeza de vermos o tempo passar e olharmos para o lado e não vermos ninguém a amparar os nossos desequilíbrios. Aí, juramos amor ao próximo (amor, entenda-se) quando, na verdade, somos incapazes de amar o que temos, quando temos.
Agora digam-me lá - alguma vez ouviram a boca de alguém dizer que não quer ser feliz?
Sem comentários:
Enviar um comentário