terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Amar? Partilhar?

Chamem-me doida, mas tenho para mim que amar e partilhar não estão tão estreitamente ligados quanto , no geral, se supõe.
Senão vejamos:
Eu gosto muito de filosofia. Não de Filosofia, a disciplina escolar que nos informa sobre o que os outros pensaram e tenta ensinar sobre a forma de o fazermos, mas a filosofia que existe em todas as coisas, em todas as ideias. Gosto de filosofar. Pelo-me para esmiuçar opiniões, ideias. Exalto-me (no bom sentido) com uma boa discussão sobre o assunto mais, aparentemente, vulgar ou desinteressante. Adoro virar as coisas ao contrário e, quem não me conhece há-de confundir o meu entusiasmo com zanga ou contrariedade, tal o nível de exaltação que posso atingir.
(Acho que esta descrição já chega para terem uma ideia...)
Agora, de repente, assim como quem não quer nem procura, apaixono-me por alguém que ama o silêncio. O seu maior prazer reside no silêncio. É claro que tem de ser alguém capaz de acompanhar a tal discussão que eu amo, senão não me apaixonaria. Mas, do que ele gosta mesmo, é do silêncio.
Hipótese 1
Partilho. E como partilho não posso esperar a hora em que, com ele, discuto este ou aquele assunto que se me ocorreu durante o dia.
Chego a casa. Agarro o desgraçado (não terá outro nome, acreditem) pelos ombros, sento-o e descarrego sobre ele todo o meu entusiasmo pela forma como fulano de tal me atendeu naquele sítio assim assim.
Ele, apaixonado como está, apela a toda a sua paciência. Ouve, meneia a cabeça, sorri de vez em quando e, partilha comigo o seu amor pelo silêncio.
Hipótese 2
Amo. E como amo não posso esperar a hora em que chego a casa e o olho, e o vejo. E, ao olhá-lo, ao vê-lo, vou-lhe adivinhando as necessidades e, porque o amo, vou ao encontro delas.
Eu escolho a segunda hipótese. Até porque acredito que, com o tempo, ele aprenderá a rir-se com as minhas tiradas e eu a apreciar o seu silêncio. É que se escolher a primeira, arrisco-me a que a coisa não resulte tão bem (digo eu...).

1 comentário:

antonio carlos disse...

Gostei, mas se eu fosse o seu amor não era com silêncio que retribuia o seu entusiasmo!
Existe alguma diferença entre Paixão e Amor. Paixão quase sempre é acompanhada com exaltação... e eu quase sempre sou assim.
Mas na experiência da Blogger existe o contraste de personalidades entre duas pessoas que se amam e daí a difícil escolha do comportamento a adoptar!
Interessante.
António Carlos