domingo, 18 de janeiro de 2009

A religião

A religião faz parte do Homem. Acompanhou-o desde sempre. Vestígios históricos comprovam-no.
E como tudo o que faz parte do Homem, não pode ser ignorada. Ela equilibra-nos. É através dela que nos transcendemos, que sabemos da existência do inatingível, que imaginamos o Universo e o infinito. Que nos conhecemos e que viajamos dentro de nós mesmos.
A religião não nos divide. Une-nos. Humaniza-nos. Espiritualiza-nos.
A religião deveria ser dada nas escolas como uma filosofia. Com a Filosofia. Porque tal como esta, ela ajudar-nos-ia a pensar e a ver mais além, mais dentro de nós.
Não é a religião que nos afasta e nos desune. São as igrejas. E as igrejas são feitas de homens, e os homens esqueceram-se, há muito, da religião. Preferem a política. As igrejas são como os partidos, só que piores, porque mais poderosas. Mexem com a ignorância. Manipulam aquilo que de mais sagrado e, sobretudo, mais assustador existe no Homem – o Espírito, a transcendência.
Kant dividia o mundo em dois. Os fenómenos e os númenos. Os fenómenos, dizia ele, são tudo aquilo que podemos conhecer. Os númenos, o conhecimento que nos está vedado. Dos númenos faziam parte Deus, o Universo e o Infinito.
Eu acredito que mais cedo ou mais tarde o Homem acabará por conhecer tudo. É só uma questão de tempo. As igrejas, políticas como são, só atrasam esse conhecimento.
É natural que existam várias formas de encarar uma mesma coisa. Sempre existiram. Sempre existirão. Se existem várias correntes filosóficas, porque não haveriam de existir várias correntes religiosas? Só não faz sentido é que tenham o poder que têm. Esse poder deveria ser-lhes retirado. As várias correntes religiosas deveriam ser estudadas nas escolas, tal como o são as várias correntes filosóficas ou as várias, e diferentes, interpretações da História. Deveria ser-nos dado, a todos, a oportunidade de escolher, vivêssemos onde vivêssemos.
São a ganância e o poder que nos afastam, que nos desunem. Não a religião.

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