quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Carpe diem

Esta expressão, recentemente recuperada do vocabulário latino, poderia pressupor indícios de, à semelhança do período renascentista, uma vontade de olhar para trás e refazer os nossos valores com base naqueles de antigamente.
Só que, na verdade, não se sabe em que contexto os Romanos a utilizavam, nem com que fim.
Carpe diem poderia muito bem significar, Levantem-se com o Sol; cumpram todas as vossas obrigações sociais e políticas; regressem a casa; dediquem toda a vossa atenção ao/à companheiro/a e aos filhos e deitem-se em paz com a vossa consciência.
Poderia muito bem significar isto.
Mas o que nós, recentemente, adoptámos não foi a expressão latina usada pelos Romanos. Foi antes a expressão latina usada pelos intérpretes do filme O Clube dos Poetas Mortos. E essa expressão, nesse filme, significa, Libertem-se de todas as convenções e façam aquilo que a vossa alma mandar, já que estão a crescer e precisam de aprender, aproveitem todos os dias desta fase da vossa vida.
O que está na moda e é confortável, julgamos nós, é o não me comprometa, depois logo se vê.
Nas relações afectivas, quando se pergunta ao outro - Quem somos? Para onde vamos?
É quase certo que nos responde - Não te preocupes com isso. Logo se vê. Vamos viver um dia de cada vez.
Não me comprometam! Pois se eu não me comprometo, quem são vocês para me comprometerem?!
E de descompromisso em descompromisso vamos Carpe diem, esquecendo-nos de que a vida, na verdade, não nos leva a lado nenhum, antes temos de ser nós a levá-la.
A não ser, é claro, que façamos questão de nos juntar ao batalhão de solitários que cresce por aí todos os dias.

1 comentário:

antonio carlos disse...

Quem não gostou do "Clube dos Poetas mortos"?
Na daptação de Carpem diem à vida moderna, retive :"libertem-se de todas as convenções e façam aquilo que a vossa alma mandar"! Nada mais tentador, mas às vezes a sociedade não recomenda... ou estamos condicionados por compromissos.
E a propósito de compromissos, 2ª parte abordado pela Blogger, eu penso que apesar de por vezes serem inoportunos, temos que viver com compromissos ! É um sinal de responsabilidade: compromissos com a sociedade, com a família e porque não connosco próprios. Dessa maneira estaremos de bem com a nossa consciência, tranquilos.
Gostei da sua tese.
António Carlos