sábado, 31 de janeiro de 2009

O Ouro Azul

Quando viu o filme Diamantes de Sangue, o meu filho virou-se para mim e disse:
- Nunca, em toda a minha vida, hei-de comprar um anel de diamantes.
Nessa altura ainda não se falava do Coltan.
Mais conhecido por Ouro Azul, o Colton é um minério extraído e comercializado muito ao “jeito” do Diamante.
Nas minas do Ruwanda e de um outro país africano do qual não retive o nome, morrem todos os dias crianças soterradas.
À semelhança do meu filho poderíamos todos dizer – nunca comprarei nada que tenha esse minério. O problema é que o Colton é utilizado em todas as novas tecnologias. Desde os telemóveis, às playstations, passando pelos computadores e pelas novas televisões, frigoríficos e sabe-se lá o que mais.
Há quem acredite que as coisas mudarão. Que a pressão internacional exercida pelas organizações humanitárias e pro-humanitárias, acabará por dar os seus frutos e todo o processo de extracção e comercialização mudará.
Quando? Não se sabe. Levará, como se diz, “o seu tempo”.
Até lá crianças continuarão a morrer e, estou convicta, se não nas minas num outro lado qualquer. Porque é hábito neste mundo. Quando se consegue eliminar um tipo de cancro, logo outro surge em seu lugar.
Não é, de todo, possível mudar o Mundo. Apenas se pode i-lo mudando. Por isso sugiro que concentremos grande parte do nosso esforço na tentativa de nos mudarmos a nós mesmos. Porque sermos capazes de nos mudar sem nos desintegrarmos socialmente, já é, por si, um grande feito.

Tenho estado a pensar...

Tenho estado a pensar que nós não nos apaixonamos pelos corpos. Nem pelos espíritos. Apaixonamo-nos pelas almas.
Sentimo-nos atraídos pelos corpos e fascinamo-nos com os espíritos. Mas a paixão, aquela que leva ao amor que nunca mais acaba, essa vem da identificação das almas. Nem mais.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Histórias de Amor

Pus-me a ver um filme – Here on Earth e dei comigo a chorar que nem uma Madalena!
E nem é que o filme seja nada por aí além. Não é. Mas é uma história de amor e, ao contrário daquilo que deve ser uma história de amor, acaba mal.
Dois jovens apaixonam-se. São bons os actores porque se sente o amor entre eles. Só os parvos dos personagens é que não cedem. Enfim, leva-se o filme quase todo à espera que eles vejam o que nós já estamos cansados de ver. Talvez não à espera que vejam, porque eles até viram, que aceitem…enfim. Leva-se grande parte do filme nisto e, quando por fim o amor sai cá para fora, ela morre! Ela MORRE! Que coisa mais vulgar! Em Hollywood é o prato do dia. Qualquer filmezito tem este percurso com este desfecho.
Parva sou eu que acabo sempre a chorar! Mas porque é que ela morre?! Porque é que hão-de matar sempre um dos personagens exactamente quando tudo poderia ficar tão bonito?!
A minha filha, quando era pequena, dizia muitas vezes – Quando eu mandar…(faço isto e aquilo).
Pois quando eu mandar, as histórias de amor hão-de acabar sempre bem.

Stand By Me - Parece-me apropriado ...

Da Infidelidade

Disseram-me há pouco tempo que a infidelidade já não constituía crime num casamento.
Fiquei surpreendida e resolvi investigar. Encontrei no Portal do Cidadão um conjunto de deveres que continuam a existir num contrato de casamento e a fidelidade é um deles.
Fiquei aliviada. Fiquei aliviada porque se a infidelidade passasse a ser consentida então para quê casar? Um casamento não é, ao contrário do que se diz por aí, um contrato. Para estabelecer um contrato entre duas pessoas então constitui-se uma sociedade, uma empresa, que tem cláusulas que nunca mais acaba. Um casamento é uma assumpção. É a declaração pública de um amor. E, se não é, deveria ser. E a infidelidade é, sem dúvida, uma traição destrutiva.
É verdade que se um cônjuge procura uma outra ligação é porque não está feliz com a que tem. Também pode ser pelo facto de ter uma natureza poligâmica. Isso existe. O meu conselho, para pessoas dessa natureza, é que não casem, nunca.
Se não está bem com o que tem porque não diz?! Porque não fala?! Porque é que há-de estraçalhar o coração do outro? É que as coisas até podem não andar bem, mas que direito é que existe na destruição do outro? É que é isso que a traição faz, destrói. E depois é preciso uma eternidade para o outro voltar a viver de novo.
Quem atraiçoa na verdade o que faz é roubar tempo de vida àquele a quem, um dia, jurou amar.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O culpado disto tudo é o aquecimento global

Estou prestes a chegar à conclusão que afinal o que se passou este ano, o que causou realmente esta crise, foi uma terrível enxurrada provocada, provavelmente, por chuvas torrenciais que terão caído durante a noite sem que nos apercebêssemos.
Todos os dias há novidades, todos os dias se desenterram cadáveres que, obviamente, não foram enterrados ontem. Parece que esta gente não tem feito outra coisa que não seja meter dinheiro ao bolso há anos, qui ça há séculos! Têm andado por aí de falcatrua em falcatrua, enterrando as falcatruas até não haver mais espaço e é por isso que elas agora estão todas a vir à tona. Por isso e por causa da chuva, claro.
Do caso Freeport nem vale a pena falar já que, tratando-se da nova novela dos meios de comunicação social, é fácil andarmos mais ou menos a par daquilo que ainda não se sabe muito bem o que é. Até os Ingleses têm uma cassete qualquer muito ao estilo – toma lá que é para aprenderes, lá por não termos conseguido fazer nada com o caso da M…não quer dizer que sejamos incompetentes.
Depois há a outra novela que, porque já começou há mais tempo, foi brutalmente retirada do horário nobre. Refiro-me ao caso BPN e às tricas entre António Marta e Dias Loureiro.
A espreitar anda o BPP, parece que, coitado, está ameaçado de inviabilidade por causa de um crime qualquer. O que é estranhííííssimo.
Diz-se ainda que o crescimento económico mundial não era tão lento desde há 60 anos. Deve ter sido quando houve a outra crise.
No meio de tudo isto há duas coisas perante as quais os Portugueses devem sentir orgulho.
Uma é que parece que a Aerosoles afinal é viável. Pessoalmente fico muito feliz porque sou cliente.
A outra é aquele caso de enriquecimento à conta de depósitos alheios que deixou, salvo erro no Reino Unido, muita gente com uma mão à frente e outra atrás. Ao que parece trata-se de um esquema em pirâmide, muito semelhante ao da nossa dona Branca. Depois venham para cá dizer que não fazemos nada de novo. Pois se até já nos imitam…
Agora, preocupante, preocupante é a praga dos pinheiros que já entrou pela Estremadura adentro.
O que me leva a supor que afinal de contas tudo isto por que estamos a passar mais não é do que uma crise causada pelo aquecimento global. Chuvas tão fortes que desenterram cadáveres; pragas que ameaçam o desaparecimento dos pinheiros… tudo isto cheira a catástrofe natural.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Pensar com olhos

Eu sou uma pessoa racional.
Não que esteja na minha natureza. Não está. Toda a vida fui acusada de ser demasiado emotiva. Em alguns momentos, confesso que com razão. Há que estabelecer um equilíbrio entre a emotividade e o racionalismo.
Foi a necessidade de me compreender, de compreender os meus impulsos, de me conhecer, que me ensinou a pensar. Não faço disso um cavalo de batalha. Penso quando é preciso. Quando não é preciso, sinto.
E hoje estou como Alberto Caeiro, a pensar com olhos.

As surpresas que a vida nos reserva

Quem pensa que a vida já não surpreende ou não tem nada para dar, não sabe nada da vida.
Ela pode surpreender-nos em qualquer momento. Digo-o eu que já tenho a minha quota-parte e fui surpreendida.
Quem pensa que a vida só pode surpreender pela negativa, não sabe nada da vida. Digo-o eu, que já tenho a minha quota-parte e, pela positiva, fui surpreendida.
A esperança é um estado de espírito ao qual não devemos virar as costas porque, mais cedo ou mais tarde, a recompensa surge.
Acreditar é preciso.
Eu hoje estou feliz.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Inspirem-se

O Amor (esse grande vadio)

Muita coisa se tem dito, nestes últimos dias por esta blogosfera, sobre o amor.
Tem-se falado dele como se de uma entidade se tratasse. Uns, mais crentes e enamorados, defendem, agora que estão enamorados, que se deve deixar sempre uma porta entreaberta para ele poder entrar, caso apareça, já se vê.
Outros deixaram de acreditar nele, não propriamente na sua existência, mas na sua vinda.
Existe, sim senhor, só que não é para mim. Pela minha porta ele não entrará.
Eu própria oscilo muitas vezes entre um e outro sentir, mesmo não estando apaixonada vai para uma eternidade.
Hoje, pus-me a pensar nisso e resolvi fazer uma retrospectiva até ao último momento em que ele entrou pela minha porta dentro. Andei para trás. Andei. Andei. E…nada. Nunca mais lá chegava.
Não que não o tenha tido na minha vida. Nada disso. Só que não me lembro de vez nenhuma em que ele me tenha entrado pela porta ou sequer batido.
O que me lembro, isso sim, é de o sentir vivo dentro de mim.
Cá para mim o amor não entra pela porta. Nasce cá dentro e sai por ela.
Portanto pessoas, gente, criaturas, aquilo que há a fazer é cultivá-lo, a ele, ao amor, dentro de cada um, regá-lo bem regado, cuidar dele, espalhá-lo por aí.
Porque é nesse momento, no momento em que ele já existe bem vivo dentro de nós que esse outro, esse que se espera quase que eternamente, irrompe pela porta encostada.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Muitos Parabéns Meu Querido

O meu irmão faz hoje 47 anos.
Crescemos juntos, eu e ele. Ainda me lembro da gravidez da minha mãe. Lembro-me de um vizinho que sempre que me via me perguntava se o bebé já tinha chegado para ele o ir buscar. Lembro-me da aflição em que isso me punha. Pensar que alguém mo pudesse tirar. Lembro-me de dormirmos no mesmo quarto. Lembro-me de o ver em pé, agarrado às grades azuis da sua pequena cama. Lembro-me das sestas a que a nossa mãe nos obrigava. Lembro-me de uma queda feia que ele deu e dos meus pés mal pousarem no chão porque não se podia fazer barulho quando saiu do hospital. Lembro-me das batalhas que fazíamos com pequenos soldados de plástico. Lembro-me de um prego que ele espetou num calcanhar quando usava ainda aquelas pequenas sandálias de criança que deixam os calcanhares desprotegidos.
Lembro-me de o ver subir mais alto do que um autocarro quando foi atropelado, mesmo ali, à minha frente.
Tenho ainda muito presente a sua figura de rapaz de 13 anos sentado num corredor de hospital, encostado a uma parede desfeito em lágrimas quando o nosso pai adoeceu.
Lembro-me da sua primeira bebedeira.
Ainda sinto um aperto no coração quando recordo o seu debilitado caminhar para me receber numa enfermaria do hospital onde ele próprio foi internado de urgência.
Mas, sobretudo, lembro-me da forma como sempre estivemos ao lado um do outro. Da forma como sempre nos defendemos. Do medo que ele tinha quando, nos passeios de família, olhava para trás e não me via. Lembro-me das brigas que tínhamos e do horror que sentíamos se algum de nós acabasse castigado por causa delas. De todos os Natais que passámos juntos, das confidencias, dos segredos que guardámos. Do amor que sempre sentimos um pelo outro. E do orgulho que sentimos hoje, por termos ultrapassado tanta coisa. Por termos, cada um à sua maneira, vencido.
Tenho bem presentes as saudades que senti quando ele partiu para a Holanda, e a alegria que sentimos quando eu lá cheguei.
Lembro-me do apartamento que partilhámos num Inverno rigorosíssimo e da caravana onde passámos a viver quando chegou o Verão.
Ele ficou por lá. Eu voltei em 1980. Não há distância que nos afaste um do outro. Vimo-nos todos os anos. Falamos quase todas as semanas.
Por todas as aventuras e desventuras por que passámos, por tudo aquilo que continuamos a partilhar, se um dia eu voltar a nascer, é a ele que quero ter como irmão.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Hoje apetece-me complicar

Assim que nascemos começamos a viver segundo os padrões dos que já cá estão.
Crescemos aprendendo as regras impostas por uma sociedade na qual não tivemos, ainda, qualquer tipo de participação.
Transmitem-nos constantemente lemas de vida, frases feitas, fazendo-nos crer que são verdades absolutas.
Delimitam-nos o caminho e só avançamos realmente quando começamos a ouvir a nossa própria voz.
A maior parte de nós nem sequer a chega a ouvir e, aqueles que a ouvem, ouvem-na deturpada porque ela é, muitas vezes, a voz da revolta e da rebeldia. Não a nossa.
Essa, ficou para sempre amordaçada, ou nem sequer chegou a nascer porque pensar com a própria cabeça tem um preço, muitas vezes, inalcançável.
Em que momento da nossa vida passamos a ser nós? Em que momento, se é que ele existe, deixamos de ser o eco de todos os outros que não souberam pensar ou que, simplesmente, tiveram medo de o fazer?
Em que momento deixámos de nos deixar conduzir e passámos a andar pelo nosso próprio pé?
E que preço se paga por isso?
Quanto nos custa a individualidade, a independência?
De que forma podemos ser fiéis a nós mesmos, fiéis de verdade, e continuar a fazer parte desta sociedade que nos julga a toda a hora, que nos avalia constantemente?
Quem nos consente a espontaneidade? Quem é que realmente nos aceita como somos? E, quem somos nós? Será que esta curta passagem é tempo suficiente para nos descobrirmos?
Será que existe nesta sociedade que ao longo de tantos séculos temos vindo a construir um lugar para aqueles que a têm construído?
Onde ficamos nós, os Homens, no meio disto tudo?

sábado, 24 de janeiro de 2009

Desilusões

"Só se desilude quem se iludiu."
Esta é uma frase que faz parte, talvez, do nosso imaginário e que eu própria já repeti para mim e para outros, muitas vezes.
Se a repito para me proteger ou se realmente acredito nela, é uma questão à qual não sei responder.
Provavelmente ambos os motivos serão válidos.
É certo que muitas vezes nos iludimos com pessoas ou com coisas, porque queremos acreditar que elas existem. Porque precisamos de acreditar que sim.
Mas quantas vezes, também, somos capazes de iludir os demais?
Quantas vezes necessitamos ou queremos tanto captar a sua atenção que, consciente ou inconscientemente, espelhamos uma realidade que, não estando separada da verdade, a exagera?
Quantas vezes, até sem darmos conta, mostramos aos outros o que de melhor há em nós incobrindo o menos bom que todos temos?
Quantas vezes não somos responsáveis pelas desilusões alheias?
Eu sei que já me iludi muitas vezes e que sofri a consequente desilusão. E sei também que já fui iludida e, por consequência, desiludida. Talvez seja por isso que não me canso de repetir:
- Só se desilude quem tem ilusões...

O Ano do Boi

Os Chineses começaram hoje as celebrações da saída do Ano do Rato e da entrada no Ano do Boi, que se fará, com pompa e circunstância, na próxima segunda-feira, dia 26.
Dizem os entendidos que será um ano frutífero, já que se colherá o que se semear. O Boi é um animal de trabalho, paciente e generoso, desde que não o espicassem, evidentemente. Zangado pode ser um problema.
É, portanto, o momento de nos agarrarmos ao trabalhinho e de cultivarmos as nossas relações pessoais e amorosas. De evitarmos conflitos. De estimarmos todos os que nos rodeiam e de trabalharmos como se não houvesse amanhã. (Como se isso fosse algo de extraordinário!...)
Entretanto este fim-de-semana, dizem eles - os entendidos, viver-se-á a angústia da mudança. Experienciar-se-ão todos os perigos inerentes às passagens, aos nascimentos e às mortes (ou vice-versa).
Feitas as contas é uma pena que o Boi só venha agora, já que nos tinha dado imenso jeito neste ano que passou, onde o estupor do Rato parece ter dado cabo da vida de muita gente.
Viva o Boi!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Já que de dores se fala hoje, fiquem com Katie Melua. Ela é que sabe - It's only pain...

Há dias assim

Há dias em que tudo parece correr mal.
Acorda-se com uma dor de cabeça daquelas que parecem ter lá estado toda a noite e só não demos por ela porque estavamos a dormir e, má como só ela, só se manifesta quando os olhos se abrem, como que a dizer - estou aqui, preciso da tua atenção.
Fecham-se os olhos logo a seguir só para não a vermos, mas a cabra, no segundo em que os olhos se voltam a abrir, martiriza-nos com mais força ainda, absolutamente decidida a marcar presença.
Logo a seguir, com a cabeça a estoirar, discute-se com o filho por questões, convenhamos, de somenos importância e, como se isso não bastasse, deparamo-nos com um dia em que todos parecem estar parecidos connosco - com vontade de estar em todo o lado menos naquele em que têm de estar.
Há dias assim.
E o que é curioso é que parecem existir em simultâneo, abrangendo um número considerável de gente o que não ajuda absolutamente nada.
Vai-se a ver e é em dias como este que certas guerras começam...

Os avisos que o corpo nos dá

Há momentos em que a vida faz questão de nos lembrar a dimensão da nossa fragilidade e a facilidade com que se está e se deixa de estar, assim, de um momento para o outro.
O coração sufoca-nos por décimos de segundo. Dentro da nossa cabeça um nevoeiro denso impede-nos de ver. É esse mesmo nevoeiro que, de repente, foge, deixando um vazio em que tudo à nossa volta gira como um carrocel em fim de viagem.
São esses os momentos que nos obrigam a parar para depois voltar a andar, só que mais devagar.
A noção exacta de que o nosso corpo pode, de um momento para o outro, dizer basta, é suficiente para nos abrandar por um período de tempo, maior para uns, menor para outros, mas sempre compreendido entre as re-lembranças do corpo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Tirania

A tirania vive ao nosso lado e, às vezes, nem damos por ela.
Crianças que tiranizam os pais; os irmãos; os educadores.
Educadores que tiranizam os educandos.
Pais que tiranizam os filhos.
Namorados que tiranizam as namoradas.
Namoradas que tiranizam os namorados.
Maridos que tiranizam as mulheres.
E mulheres que tiranizam os maridos.
Se lhe abrirmos as portas ela toma conta de nós sem sequer a percebermos.
Se consentirmos ela vive connosco até ao fim da nossa vida.
Se tivermos o azar de crescer com ela, procurá-la-emos sempre em todos aqueles que se cruzam connosco porque, sem ela, não sabemos viver.
Com ela e por ela, nunca nos chegaremos a conhecer.
Há até quem viva subjugado, acreditando que vive em liberdade.

De Mais

Este post é dirigido a todos aqueles que insistem em escrever demais, demasiadas vezes.
Criaturas, sempre que quiserem dizer que algo existe em demasia terão de escrever de mais.
Demais é sinónimo de os outros, os restantes.
Por exemplo - Quem fala de mais arrisca-se a cansar os demais.
É que não custa nada e o português agradece.

Carpe diem

Esta expressão, recentemente recuperada do vocabulário latino, poderia pressupor indícios de, à semelhança do período renascentista, uma vontade de olhar para trás e refazer os nossos valores com base naqueles de antigamente.
Só que, na verdade, não se sabe em que contexto os Romanos a utilizavam, nem com que fim.
Carpe diem poderia muito bem significar, Levantem-se com o Sol; cumpram todas as vossas obrigações sociais e políticas; regressem a casa; dediquem toda a vossa atenção ao/à companheiro/a e aos filhos e deitem-se em paz com a vossa consciência.
Poderia muito bem significar isto.
Mas o que nós, recentemente, adoptámos não foi a expressão latina usada pelos Romanos. Foi antes a expressão latina usada pelos intérpretes do filme O Clube dos Poetas Mortos. E essa expressão, nesse filme, significa, Libertem-se de todas as convenções e façam aquilo que a vossa alma mandar, já que estão a crescer e precisam de aprender, aproveitem todos os dias desta fase da vossa vida.
O que está na moda e é confortável, julgamos nós, é o não me comprometa, depois logo se vê.
Nas relações afectivas, quando se pergunta ao outro - Quem somos? Para onde vamos?
É quase certo que nos responde - Não te preocupes com isso. Logo se vê. Vamos viver um dia de cada vez.
Não me comprometam! Pois se eu não me comprometo, quem são vocês para me comprometerem?!
E de descompromisso em descompromisso vamos Carpe diem, esquecendo-nos de que a vida, na verdade, não nos leva a lado nenhum, antes temos de ser nós a levá-la.
A não ser, é claro, que façamos questão de nos juntar ao batalhão de solitários que cresce por aí todos os dias.

Politiquices

Em relação às mulheres não estou muito segura mas, em Portugal, a política para os homens é como o futebol, todos gostam de a discutir, todos sabem exactamente o que se passa, todos têm soluções milagrosas, todos saberiam exactamente o que fazer. É até de admirar porque é que não existem mais candidatos e mais partidos políticos. Se calhar é porque dá uma trabalheira do caraças para os formar e é muito mais fácil sentarem-se na bancada a chamarem nomes aos jogadores. Mais fácil e muito mais divertido.
Para os homens portugueses a política não é uma forma de servir o país. É antes um desafio às suas capacidades, um trampolim para o ego, um estimulante desafio.
Se um dia chegássemos a ser bem governados, provavelmente a maioria entristeceria e o resto procuraria desesperadamente os orifícios do orçamento para poderem continuar a opiniar.
Não há dúvida de que somos um país de homens conhecedores, informados e competentes, pena é que nunca cheguem a concretizar todas as suas ideias porque depois vai-se a ver, e é isto que temos...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Convosco Betânia e um tributo a Fernando Pessoa


Bons Sonhos

Diz que...

Diz que temperatura aumentou.
Então se aumentou porque é que eu tenho mais frio?! Hã?Hã?

Bolas pá! Bolas! Bolas!

Gostava de saber o que é que deu hoje no correio electónico, na internet e nesta porcaria toda!
Todas as net radiações devem ter apanhado uma espécie de virús que as tornou lentas e, mais grave do que isso, muito mais grave, completamente ineficazes, incompetentes, responsáveis por perdas e danos.
Estou há horas! HÁ HORAS! a tentar enviar um mail que sou obrigada a reescrever de cada vez que tento enviar e ele se vai. É que nem nos rascunhos eu consegui ainda guardar a porcaria da meia dúzia de palavras em que se tornou o desgraçado.
Começou por ser um mail tipo carta. Simpático, atencioso, muuiiiiito comercial, como se quer. Enfim, lindo. O primeiro estava de estalo. Capaz de captar, a uma distância a perder de vista, um número incontável de clientes. Foi-se.
O segundo foi elaborado debaixo de um stresse desgraçado para me lembrar das maravilhosas palavras que tinha escrito no primeiro. É claro que não me lembrei nem de metade. Desisti. Reescrevi-o todo com outras palavras, de outra maneira. Não estava mal. Cliquei enviar. ERRO DE PÁGINA!!! ERRO DE PÁGINA???? Foi-se.
O terceiro foi escrito com tanta raiva que se ouviam a 5 metros, pelo menos, o matraquear das teclas. A minha vontade era partir o teclado, o écran, tudo. É claro que esse já saiu sucinto. Resumido. Quase frio. Com medo, ainda ssim, que se perdesse outro, resolvi gravá-lo no rascunho. Nada. A página não responde. Tentei copiar o texto. Nada. Só dá para carregar no "colar"! Isto não é normal! Pois se eu nem copiei nada!
Estava eu nesta agonia, batem à porta. Uma velhota "muito querida" daquelas que não têm com quem falar e que nos adoram. Daquelas que acham que nós não temos mais nada para fazer, ainda que se veja muito bem que temos. Daquelas que andam um bocadinho deprimidas. Olha-me apreensiva e pergunta:
-O que é que tem querida? Doi-lhe a cabeça? Quer um comprimido?
Só me apeteceu gritar.
Claro que perdi esse também.
Os outros que se lhe seguiram, mais não eram do que simples sombras daquele primeiro e cópias ranhosas do terceiro, e se não deixo aqui uma maldição do tipo raios partam qualquer coisa, é porque a escrita é demasiado definitiva e nunca se sabe...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Adágio

Aqui fica um adágio, fresquinho, fresquinho.

Apreciem as ideias dos mais jovens. Só o facto de existirem já é motivo de regozijo, e nunca se sabe o que se pode aprender com elas.

Amar? Partilhar?

Chamem-me doida, mas tenho para mim que amar e partilhar não estão tão estreitamente ligados quanto , no geral, se supõe.
Senão vejamos:
Eu gosto muito de filosofia. Não de Filosofia, a disciplina escolar que nos informa sobre o que os outros pensaram e tenta ensinar sobre a forma de o fazermos, mas a filosofia que existe em todas as coisas, em todas as ideias. Gosto de filosofar. Pelo-me para esmiuçar opiniões, ideias. Exalto-me (no bom sentido) com uma boa discussão sobre o assunto mais, aparentemente, vulgar ou desinteressante. Adoro virar as coisas ao contrário e, quem não me conhece há-de confundir o meu entusiasmo com zanga ou contrariedade, tal o nível de exaltação que posso atingir.
(Acho que esta descrição já chega para terem uma ideia...)
Agora, de repente, assim como quem não quer nem procura, apaixono-me por alguém que ama o silêncio. O seu maior prazer reside no silêncio. É claro que tem de ser alguém capaz de acompanhar a tal discussão que eu amo, senão não me apaixonaria. Mas, do que ele gosta mesmo, é do silêncio.
Hipótese 1
Partilho. E como partilho não posso esperar a hora em que, com ele, discuto este ou aquele assunto que se me ocorreu durante o dia.
Chego a casa. Agarro o desgraçado (não terá outro nome, acreditem) pelos ombros, sento-o e descarrego sobre ele todo o meu entusiasmo pela forma como fulano de tal me atendeu naquele sítio assim assim.
Ele, apaixonado como está, apela a toda a sua paciência. Ouve, meneia a cabeça, sorri de vez em quando e, partilha comigo o seu amor pelo silêncio.
Hipótese 2
Amo. E como amo não posso esperar a hora em que chego a casa e o olho, e o vejo. E, ao olhá-lo, ao vê-lo, vou-lhe adivinhando as necessidades e, porque o amo, vou ao encontro delas.
Eu escolho a segunda hipótese. Até porque acredito que, com o tempo, ele aprenderá a rir-se com as minhas tiradas e eu a apreciar o seu silêncio. É que se escolher a primeira, arrisco-me a que a coisa não resulte tão bem (digo eu...).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Necessidades

Uma amiga muito querida, com quem gosto de conversar, fazia-me no outro dia uma síntese da sua vida para me explicar a natureza da sua necessidade, ou falta dela, relativamente ao sexo oposto.
Dizia-me ela:
«Aos vinte e quatro anos juntei os trapinhos com uma paixão antiga. Dois ou três anos depois casámo-nos.
Num dia de mudanças, para o andar que ele já tinha comprado havia alguns meses mas cujo prédio ainda estava em obras, passei com o jeep por cima de uma tábua cheia de pregos e furei um dos pneus. Ele virou-se para mim e disse, "Agora mudas tu o pneu." Fiquei atónita a olhar para ele e para o pneu, absolutamente gigantesco, tentando perceber se o meu fresco marido estava a falar tão a sério quanto a sua expressão transparecia.
É claro que não troquei esse pneu, por pura incapacidade física.
Mais tarde voltei a ter um furo, no meu carro, e, em consequência do meu atrevido pedido de ajuda, levei roda de incompetente, de atadinha e de mais um ou dois predicados típicos daqueles que não sabem dar valor à ocupação dos cônjuges e à sua, inerente, indisponibilidade.
A partir daí nunca mais voltei a pedir ajuda a ninguém. Garanto-te que já devo ter mudado, ao longo da vida, bem uma dezena de pneus.
Passados uns anos o meu marido encantou-se com uma colega de trabalho e, depois de várias peripécias, acabou por sair de casa.
Nos anos que se seguiram eu liquidei a dívida da casa ao banco, acabei de pagar o meu carro, entrei para a faculdade mas, acima de tudo - pendurei sanefas que caíram; tapei buracos de paredes; arranjei móveis e máquinas; troquei lâmpadas e mudei candeeiros impossíveis. Despedi a empregada e passei a governar-me a mim e aos meus filhos.
Vens tu falar-me na necessidade de ter um homem em casa!»
Não me digas que não sentes a falta, insistia eu.
«Só se for de alguém que tenha aprendido a cozinhar, a tratar da roupa, a limpar a casa e a ir às compras, como eu aprendi a mudar pneus, a pregar sanefas, a arranjar máquinas e a tapar buracos.» Concluiu ela.
E com esta me vou.

E porque hoje é segunda-feira

Aqui estou para vos desejar uma excelente semana, já que:
A Rússia fez as pazes com a Ucrânia. Venha o frio, que já há gás.
Israel diz que está de malas feitas e o Hamas anunciou ontem o cessar-fogo. Pode ser que seja desta...(duvido)
Então o Liedson fez um brilharete e não estava lá ninguém para ver?! Está mal. Está muito mal. Força Sporrrtttinnng. Aí vamos nós das meias para as ditas. Olá se vamos.
E a bailarina lá saltou da caixinha de surpresas de Sócrates. Não sentiram a cabeça como que a desviar-se de qualquer coisa? Não sentiram o impacto? Casamento entre homossexuais bem guardadinho para usar quando convém...
No memorial a Lincoln, Obama agradeceu ao povo americano. "Dá-me esperanças ver-vos aqui.", disse ele. Esperança é o que ele inspira, sem dúvida.
Bem vindos a uma Nova Era. O Mundo está em mudança, ninguém pode negar.
Boa semana.

domingo, 18 de janeiro de 2009

A religião

A religião faz parte do Homem. Acompanhou-o desde sempre. Vestígios históricos comprovam-no.
E como tudo o que faz parte do Homem, não pode ser ignorada. Ela equilibra-nos. É através dela que nos transcendemos, que sabemos da existência do inatingível, que imaginamos o Universo e o infinito. Que nos conhecemos e que viajamos dentro de nós mesmos.
A religião não nos divide. Une-nos. Humaniza-nos. Espiritualiza-nos.
A religião deveria ser dada nas escolas como uma filosofia. Com a Filosofia. Porque tal como esta, ela ajudar-nos-ia a pensar e a ver mais além, mais dentro de nós.
Não é a religião que nos afasta e nos desune. São as igrejas. E as igrejas são feitas de homens, e os homens esqueceram-se, há muito, da religião. Preferem a política. As igrejas são como os partidos, só que piores, porque mais poderosas. Mexem com a ignorância. Manipulam aquilo que de mais sagrado e, sobretudo, mais assustador existe no Homem – o Espírito, a transcendência.
Kant dividia o mundo em dois. Os fenómenos e os númenos. Os fenómenos, dizia ele, são tudo aquilo que podemos conhecer. Os númenos, o conhecimento que nos está vedado. Dos númenos faziam parte Deus, o Universo e o Infinito.
Eu acredito que mais cedo ou mais tarde o Homem acabará por conhecer tudo. É só uma questão de tempo. As igrejas, políticas como são, só atrasam esse conhecimento.
É natural que existam várias formas de encarar uma mesma coisa. Sempre existiram. Sempre existirão. Se existem várias correntes filosóficas, porque não haveriam de existir várias correntes religiosas? Só não faz sentido é que tenham o poder que têm. Esse poder deveria ser-lhes retirado. As várias correntes religiosas deveriam ser estudadas nas escolas, tal como o são as várias correntes filosóficas ou as várias, e diferentes, interpretações da História. Deveria ser-nos dado, a todos, a oportunidade de escolher, vivêssemos onde vivêssemos.
São a ganância e o poder que nos afastam, que nos desunem. Não a religião.

Depressões

Não sei como é que estão os outros. Mas nós por cá temos um milhão de deprimidos. UM MILHÃO! E, desse milhão, quinhentos mil são potenciais suícidas.
MEXAM-SE. ACREDITEM. SONHEM. INVENTEM. GOZEM O SOL. GOZEM A CHUVA. GOZEM ESTA LUZ MARAVILHOSA. CRIEM.
CRIEM. Somos um país de poetas. Ou não somos?
Os poetas reinventam-se. Encontram caminhos.
Mudem-se. Libertem-se e tenham a coragem de mudar.
Na verdade há sempre um outro caminho.
Há sempre alternativa.
O nosso mundo só acaba quando partimos de vez e quem se suícida porque tem medo que a vida mude, pode estar a perder o melhor de cá andar.
Transformem as dificuldades em oportunidades. É muito possível que se surpreendam.
Acreditem que os vossos maiores inimigos podem ser vós mesmos.
Ele há tanta gente. Tanta gente que saiu de cavernas tão escuras, mas tão escuras que o mais comum dos mortais julgará impossível. E sairam. Sairam mais fortes.
Leiam. Leiam todas as histórias daqueles que renasceram das cinzas. São mais do que se sabe. Procurem-nas. Elas andam aí.

Certos domingos chuvosos

Há qualquer coisa em certos domingos chuvosos que me acalma.
Talvez a delicadeza da chuva a cair. Como se as nuvens se entregassem, sem pressa nenhuma.
Talvez a ausência do vento.
Talvez a suavidade da temperatura.
Talvez a possibilidade de ver tudo isto pela vidraça, sem me preocupar com o que quer que seja.
Talvez o livro que me foi dado por companhia este fim-de-semana.
Ou talvez tudo isto.
E mais outra coisa qualquer que não vou descobrir porque estou bem assim.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Fragilidades

Será que todos nascemos frágeis?
Eu nasci. E sou.
Sou-o. Ainda que a vida, desde cedo, me tenha, de certa forma, endurecido.
Costumo dizer que ela, a vida, não me vencerá, mas na verdade, é nos momentos em que aceito a minha fragilidade que temo sucumbir.
A dureza é uma capa que a vida nos põe para que tenhamos força para a enfrentar.
Ainda assim, gostaria de voltar a poder ser frágil...

O suficiente

Acabei de rever A Idade da Inocência e conclui que há quem não ame o suficiente, quem não queira o suficiente e isso é triste. Porque mesmo que não se chegue a ter, amar já é o suficiente...

Anos 70 (ou coisa que o valha)

Deve ter havido um extraordinário fascínio nos idos anos 70 que me deve ter escapado.
É raro o dia em que não me cruzo com alguém que lá ficou. Homens. Na sua maioria homens. Ele é os cabelos; ele é os Kispos; as calças; os trejeitos; as opiniões; as expectativas. Até as dependências.
O que terá havido de tão fascinante a ponto de impedir o normal percurso das pessoas?!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Olhar

É importante olhar para o que está mal. Tão importante como olhar para o que está bem. E, se olharmos em volta, não faltam mal nem bem para serem olhados.
Tenho para mim que aquilo que se olha tende a crescer.

O que eu penso. O que pensam os outros.

Não me incomoda o facto das pessoas não pensarem como eu.
Incomoda-me quando não pensam.
Não me incomoda o facto das pessoas não enxergarem o mesmo que eu.
Incomoda-me quando não enxergam.
Não me incomoda o facto das pessoas não percecionarem o mundo da mesma forma que eu.
Incomoda-me, e muito, quando ficam cegas à preceção dos outros.
E incomoda-me, ainda mais, as tentativas que fazem para que eu passe a pensar, a ver e a ouvir como elas.
Por outro lado,
Gosto muito de saber o que pensam e de compreender porque pensam o que pensam. É uma forma de eu ficar a conhecer outros pontos de vista.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Até cansa!

E aqui fica o antagónico das mães que deveriam ter escolhido gatos.

(Só de pensar que posso, em algum momento, ter sido assim, até se me põem os cabelos em pé!!)

E porque de antagonices se trata...

aqui vai mais uma:

Na Índia, a POMBA, se for branca representa a alma, se for escura é símbolo de má sorte.
Diversas deusas da antiguidade adoptaram-na como símbolo da fertilidade feminina.
Para os ciganos é um animal maldito, capaz de matar apenas por prazer.
Para os cristãos é símbolo de pureza. O Espírito Santo é representado por uma pomba branca.

(sorriam e inventem os vossos próprios símbolos)

Bem....chove!!!!!

D. José Policarpo - Um post que era para ser um comentário e depois não foi (Gumex este era só para ti)

Esta é uma das muitas vantagens de se viver em liberdade.
O poder expressar livremente as nossas opiniões é um luxo que não existe em todas as culturas e creio que não existe, de todo, na muçulmana.
A chamada de atenção de D. José Policarpo, por muito que a queiramos ver como política, ou estratégica, ou afins, é, acredito, sincera, sentida e pensada, provavelmente cheia de boa vontade. Se uma amiga minha me viesse dizer que ia casar com um muçulmano eu alertá-la-ia exactamente para o mesmo.Veja-se a quantidade de mulheres que ficaram sem os filhos ou sem liberdade por não terem sido devidamente informadas sobre as regras implícitas num casamento dessa natureza.

Post chato para dizer coisas óbvias

É pena. É pena que sejamos todos surdos à experiência alheia. É pena que a nossa cultura tenha vindo, ao longo dos tempos, a perder o respeito pela sabedoria dos velhos.
Está bem que eles não percebem nada de tecnologia. Está bem que andam um pouco desfazados da realidade. Mas também ,a realidade, essa realidade, a tecnológica e tudo e tudo, muda todos os dias! Quem em seu perfeito juizo consegue acompanhar tudo, tudinho?!
É pena. É pena, mesmo. Porque estou convicta que por muito e depressa que isto mude, por dentro nós continuamos os mesmos e, à medida que o tempo passa, acabaremos por juntar aos sentimentos próprios dos velhos a sensação de que podíamos muito bem ter visto, realmente visto, mais cedo. Bastava para isso um pouco de paciência e muito, muito respeito.
Tudo isto porque acabei de dar atenção a um pequeno livro de poesia que uma velhota, cheia de carinho e simpatia, me deixou aqui. Trata-se de uma edição que não sendo de autor, é de amigo digamos assim, e os poemas foram escritos por uma irmã desta senhora. Não se pense que foram escritos ao longo da vida. Não. Os mais antigos são de finais da década de 1990. A autora está com oitenta anos. Digamos que virou poeta depois dos setenta. Uma senhora que nasceu no Lavre em 1926. Que tirou a quarta classe. Que teve uma vida simples e que se orgulha de ter sido regente primária (designação que se dava aos professores primários antigamente).
Esta mulher de oitenta anos, não quer ser esquecida. Quer que a sua História sirva para alguma coisa. E serviria. Ó se serviria! Bastaria um pouco de paciência para a ler e alguma humildade para a escutar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

As malas das mulheres

A dois passos do destino a mão mergulha na mala, convicta de que facilmente encontrará o objecto que procura. Afinal cada objecto tem o seu espaço e a mão já os conhece todos.
De um lado a cosmética: baton; blush; sombra de olhos; creme de mãos; sabão fingido; toalhitas; outro baton, este para o cieiro; escova de cabelo; um desinfectante de mãos; estojo de unhas.
Os lenços de papel estão numa bolsa à parte, como os telemóveis.
Do outro lado os objectos de uso prático: óculos (para ler, para não ler, para o sol); chaves (de casa, do escritório, do carro); canetas; um pinchavelho para pendurar a mala; um canivete; uma pequena lanterna (pois é...nunca se sabe...); luvas.
Ao centro, sempre protegidos pelo éclair: a carteira (sempre enorme, carregada de cartões, de tiquetes e de papéis, mais do que de notas); o porta moedas; a agenda; os livros de cheques; o bloco de apontamentos.
E lá anda a mão a vaguear no meio daquilo tudo. No momento em que chega ao destino já puxou para fora dois molhos de chaves que não são. Com alguma estranheza decide-se a tirar a mala do ombro para a poder abrir. Os olhos perscrutam-na no meio de alguma escuridão provocada pela profundidade. Uma das mãos vasculha-a enquanto a outra a sustém.
Cada vez mais incrédula, procura-se um apoio - um muro, um degrau, um patamar ou corrimão, qualquer coisa que anule aquela profundidade toda.
A mala alarga. Encurta e alarga. Agora tudo parece mais fácil, mais exposto. Agora são as duas mãos que vasculham em gestos já a atirar para o desespero. A vontade de virar aquilo tudo ao contrário aumenta. Olha-se em volta e conclui-se que é chato. A largura do muro não abarcaria tanta coisa. Não nos apetece andar de rabo para o ar à procura de coisas que já nem nos lembrávamos que tínhamos dentro da mala.
É nesse momento que o coração bate mais rápido, o momento em concluímos que a chave, aquela chave, não está lá.
Volta-se para trás.
Provavelmente ficou dentro da outra mala. Aquela que usámos ontem.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Filhos? Gatos?

As pessoas antes de tomarem decisões irreversíveis têm de ponderar muito bem se querem ter filhos, se gatos.
A muitos de vós pode parecer fácil, óbvia até, a distinção. Acreditem, não é linear. Daí que decidi, na minha imensurável boa vontade, deixar aqui algumas dicas.
Então é assim:
- Ah...e tal...já tem dez anos... (É gato. E velho.)
- Ainda só tem dez anos... (É filho.)
- Tens comida no frigorífico. Quando tiveres fome já sabes. (É gato.)
- Vem para a mesa Francelino, são horas de almoçar/jantar. (É filho.)
- Vê lá como é que te portas enquanto estou no trabalho. Tem cuidado com a estrada. (É gato.)
- Vamos embora Francelino que a ama/a avó/a escola/o centro/a dona Mariquinhas... está à espera. (É filho.)
- Hoje não posso tratar desse teu assunto, por muito urgente que seja, tenho de trabalhar. (É gato.)
- Amanhã tratamos disso os dois. (É filho.)
- Tens de saber tomar conta de ti, tens de ser independente (note-se que a criatura tem dez anos). (É gato.)
- Quem manda sou eu e tu fazes o que eu mandar. (É filho.)
E por aí adiante...
Depois surpreendem-se quando os filhos se transformam em gatos assanhados e reclamam a liberdade que é devida a quem, fora de horas, é imposta responsabilidade. É que os gatos são criaturas independentes, enquanto que os filhos dão trabalho, requerem sacrifícios, são dependentes. Os gatos não precisam que a gente se esqueça de nós. Os filhos exigem que a gente se esqueça de nós.
Decidam-se. Mas decidam-se ANTES. Decidam-se ANTES. Filhos ou gatos?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Are we all right?

De vez em quando questionamo-nos sobre a forma como estamos. Estaremos bem? Será este o caminho?
E pouco importa a idade que temos.
Fazêmo-lo desde cedo.
Seremos amados pelos nossos pais? Será realmente este o curso que queremos tirar? É esta a profissão que queremos ter? Casámos com a pessoa certa? Comprámos a casa com que sonhámos? Conseguimos a admiração e a estima dos nossos amigos? Somos bons pais? Temos bons filhos? Amámos? Somos amados? Concretizámos os nossos sonhos? Todos? Ou só alguns? Quantas vezes nos desviámos do caminho? Durante quanto tempo caminhámos de olhos fechados acreditando que estavam abertos?
Quando as respostas não são satisfatórias olhamos para o futuro e dizemos - Ainda há tempo. Mas cedo, muito cedo, começamos a sentir que o tempo escasseia. Porque nos disseram que há idades próprias para isto e para aquilo. Então agarramo-nos com unhas e dentes ao que temos e agradecemos por isso. Atiramos para o fundo a frustração das coisas não serem exactamente como as sonhámos e engolimos a dúvida da nossa incapacidade.
E continuamo-nos a esquecer que, na verdade, nada está determinado. Os nossos sonhos são adaptáveis e mutáveis. Continuamo-nos a esquecer que todos os dias fazemos o melhor que podemos e sabemos com o que está ao nosso alcance. Continuamo-nos a esquecer que cada dia é uma dádiva. Que a vida é um percurso e que o que realmente importa é que sejamos capazes de a viver aproveitando todos os bocadinhos para nos tornarmos melhores, mais fortes, mais inteiros, mais humanos. E que, na verdade, pouco importa as lutas que travámos, se ganhámos, se perdemos. O que importa é estar em paz com o nosso ser. E, para isso, basta sermos fieis a nós próprios.

Cansaço

Hoje um estranho desânimo foi-se apoderando de mim e sugou-me toda a força anímica.
Há dias assim. Em que o entusiasmo da manhã vai esmorecendo e o "valerá a pena" se vai instalando. O que vale é que é passageiro. Amanhã tudo parecerá mais bonito.

Contradições II

Pode ser falha minha. É que pode mesmo ser falha minha, daí o meu pedido de ajuda para compreender esta afirmação de José Silva Lopes, publicada na Visão desta semana:
"É preciso aumentar muito a produtividade. (Até aqui tudo bem. Parece-me até muito bem).
Mas essa não deve ser a grande preocupação(...) (Ai não?!)
Até porque uma das formas de a aumentar passa por reduzir o emprego." (Pronto! Agora é que ele me deixou mesmo baralhada!)
Alguém me sabe explicar isto?

Bem Vindos a mais uma segunda-feira

O frio continua a não dar tréguas.
Entretanto a Ucrânia e a Checoslováquia assinaram um protocolo que permite o acesso de observadores internacionais, incluindo russos (e isto é muito importante porque com os russos nunca se sabe...), para controlar a passagem do gás russo para a Europa.
Agora podemos ficar descansados porque aconteça o que acontecer vamos ficar a saber tudinho.
(E continua um frio do caraças.)
Parece que o Irão aprovou um projecto que penaliza as empresas estrangeiras que negociarem com Israel.
Tenham medo!
(Tenho as mãos geladinhas.)
A bolsa portuguesa continua a cair. O que é estranhíssimo!
A temperatura, essa, parece que estabilizou. (Irra! Se páro, congelo!)
Meus amigos, a partir de hoje, se são portugueses e quiserem ir aos EU têm de saber navegar, na net evidentemente. Autorizaçãozinha só na net. Não tem net, não tem viagem.
Parece que o Woody Allen lá conseguiu o Globo de Ouro para a melhor comédia. Endoideceram, os americanos. Se não se põem a pau ainda ficam parecidos connosco.
(E o frio?! Irra!)
Alegrem-se. A natalidade tem estado a aumentar em oito países. Um deles é Portugal.
Agradeçam aos emigrantes.
E já agora ao frio. Agradeçam ao frio que isto, a continuar assim, vai provavelmente dar muito bebé.
Ou não...
Uma boa semana para todos.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O meu pai

Era uma tarde como tantas outras. Os nossos cotovelos descansavam em cima da mesa onde jaziam, ainda, os ossos do frango e o resto da açorda. Falava-se de empregos, de oferta, de procura, de esforço, e o meu pai, na sua afasia, recordava. Eu era ainda pequeno. E mostrava-nos, com a mão, a sua altura. Chumbei e o meu pai pôs-me a trabalhar no Bairro Alto. E o que fazia, perguntava eu. Eu, e mais uma vez com as mãos o jeito da vassoura. Era pau para toda a obra, acrescentava a minha mãe. E ele ria. Estudava de noite. O meu pai, dizia ele, dava-me dinheiro para o eléctrico mas eu ía a pé. Corria. E guardava o dinheiro. E a mão dele a enfiar-se no bolso para que todos nós compreendêssemos o gesto de guardar. E continuava - Corria desde o Caramão da Ajuda até Alcântara. Todos os dias passava por uma rapariga que estava à janela, e ela... Ela o quê, perguntávamos nós, suspensos na nossa curiosidade. Ela batia palmas, e as mãos dele a juntarem-se num esforço. Uma aberta, a outra irremediavelmente fechada. E ria.
O neto, de casaco já vestido, pronto para sair e cheio de pressa, estava de pé, preso ao relato.
E o meu pai, com todos os olhos presos nele, soltava uma alegria que é quase única. A alegria de quem está rodeado por quem o ama tanto que nem se apercebe do tempo que cada memória leva para se transformar nas palavras que a lêem. A alegria de quem está rodeado daqueles que têm todo o tempo do mundo para o ouvir.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

De como acabei uma semana de trabalho com uma boa gargalhada

Hoje, uma pirralha de sete anos que costumo transportar no meu pequeno carro de três portas, para me poupar ao frio da noite, insistiu em sair do automovel sem a minha ajuda.
Ainda não tinhamos chegado ao destino já ela tinha avançado as costas do banco. Carro parado à porta da avó. Finca os pés e estica-se toda (ela é pequenina) para chegar ao fecho da porta. Cai para trás. Volta a tentar. Volta a cair.
Quando, finalmente consegue abrir a porta, sai com algum esforço e exclama:
-Ufa! 'tou a ficar velha!

Sexta-Feira

É inegável a alegria que hoje sinto pelo facto de amanhã ser Sábado!

Será Possível

Será possível termos certezas quanto àquilo que virá a ser uma criança, quando crescer?
Deus queira que não.
Porque, a ser possível, o melhor é prenderem-nos já, antes que os males aconteçam...

Mulheres Bonitas

As probabilidades de uma mulher bonita acabar sozinha são maiores do que as de uma menos bonita.
As mulheres bonitas cativam aqueles que se cativam pelo que vêem.
As menos bonitas cativam aqueles que se cativam pelo que existe.

Muitos me tocaram o corpo
Apenas um me tocou a alma
Agora que não tenho corpo
Quem me tocará?

Ilusões

As ilusões, como os sonhos, fazem parte da vida.
Às vezes transformam-se.
Às vezes, não.

Pensamentos

Eis uma pequeníssima parcela daquilo que nos deixou um homem que pensou por todos nós:

"Sempre que penso uma cousa, traio-a.
Só tendo-a diante de mim devo pensar nela,
Não pensando, mas vendo,
Não com o pensamento, mas com os olhos.
Uma cousa que é visível existe para se ver,
E o que existe para os olhos não tem que existir para o pensamento;
Só existo directamente para o pensamento e não para os olhos.

Olho, e as cousas existem.
Penso e existo só eu."

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) (1888-1935)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Educação

Como é que se explica àqueles que ainda estão a crescer, que ainda agora aqui chegaram, o significado da palavra educação quando acordam sozinhos, almoçam sozinhos, lancham sozinhos, jantam sozinhos e mais, são eles que elaboram as refeições que comem, sozinhos, em casa?!
Existem crianças que em dez anos de vida já viveram mais do que outros em dezasseis ou dezassete com a agravante de não estarem preparados para tal.
Existem crianças cujos pais trabalham horas sem fim, em horários que não lembram a Cristo, para lhes poderem deixar comida no frigorífico. Comida que só é confeccionada pelos progenitores no dia de folga que, na maior parte dos casos, nem coincide com o fim-de-semana.
Estas crianças não conhecem os limites, nem do respeito, nem da educação. Se não os conhecem como é que os podem respeitar? Estas crianças não são mal educadas, são in-ducadas e nós temos de reformular todas as técnicas se as queremos recuperar. Porque uma coisa é re-educar, uma outra, bem diferente, é educar quem já tanto viveu e julga que tudo sabe e acredita que tudo pode...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A minha costela de Gaulesa ou de como as senhas numeradas podem muito bem não servir para nada

No passado dia cinco, dia em que se deu, oficialmente, início a este novo ano, tirei da minha caixa de correio um aviso para ir levantar, na estação dos CTT mais próxima da residência, uma carta registada. Virei o postal várias vezes e o único nome que vi foi o nome do meu senhorio.
- Pronto - pensei de imediato, - ou é para rescindir o contrato ou é aumento de renda. Entre um e outro, venha o diabo e escolha.
Já mal dormi nessa noite.
No dia seguinte, como quem não quer a coisa, atirei com o aviso para dentro da mala e fiz todos os possíveis para me esquecer dele. O estupor gritou de lá de dentro o dia inteiro!
Sem alternativa de jeito, rumei esta manhã para a tal estação.
Seriam talvez umas dez e meia quando por lá entrei. Aproximadamente setenta metros quadrados de sala. Cinco postos de atendimento divididos por uma coluna. Dois para um lado. Três para o outro.
Tiro uma senha. É o setenta e três.
Olho o mostrador. Vai no setenta e um. Passa rapidamente para o setenta e dois.
Setenta e três. Sigo com o olhar a linha do número - posto dois. Contorno a coluna. Apresso o passo para o posto dois. Olho. Uma senhora está a ser atendida e várias notas estão espalhadas pelo balcão.
- Desculpe. Não chamou o setenta e três? - perguntei cheia de boa vontade.
- Chamei mas ninguém apareceu! - responde-me a funcionária.
De olhos esbugalhados e em toda a minha incredulidade exclamei:
- Mas eu estou aqui!
Diz a outra que estava a ser atendida:
- Eu sou o setenta e um.
- Mas então se é o setenta e um porque é que chamou o setenta e três?!
E foi no meio desta troca de impressões que o aviso sonoro se fez ouvir e eu olhei para o painel donde sorria, feliz, o número setenta e quatro. Num rápido e já prático relance alcanço com a vista o número do posto de atendimento - quatro. Corro para o lado de lá da coluna. É claro que o setenta e quatro já tinha começado a ser atendido. Obrigada! Aquilo é chegar, estender o papel e lá vai o funcionário ao armazém buscar o que for preciso.
- Eu sou o setenta e três - reclamo já pelos cabelos.
- Agora tem de esperar um pouco. Tem de ter paciência. Já comecei a atender este senhor.
Danada, começo a tentar explicar que é a eles que lhes cabe a organização imposta pelos tiqués no momento em que a campainha volta a soar. Setenta e cinco. Posto número dois. Saio disparada, de papel em punho e quase grito:
- Não me diga que ainda não é desta?!
- É preciso paciência. Tem de se ter um pouco de paciência - murmurava o funcionário do posto dois, como que a pôr à prova a minha capacidade de resistência.
Foi no momento em que elevei mesmo a voz que uma senhora atrás de mim exclama:
- Mas tem toda a razão. Eles não dão tempo a nada! Tem toda a razão!
Eu estendo o aviso ao funcionário.
- Assine aqui - pede-me ele.
Eu assino.
Ele pede-me o b.i., volta a estender-me o aviso e diz:
- Preciso da assinatura deste senhor.
"Este senhor", é o meu senhorio.
-Porquê?! - exclamo.
- Porque a carta é para ele - responde o funcionário.
O meu filho diz que eu ultimamente ando com o complexo gaulês.
- Estás sempre à espera que o céu te caia em cima - diz ele.

Religião

Ontem foi-me pedida ajuda para elaborar um texto, ao nível do 9º ano de escolaridade, em que, supostamente, Deus escreveria uma carta aos Homens mostrando o seu desapontamento e a sua desilusão. Foi dado como mote um pequeníssimo extracto de uma declaração, ou conversa talvez, de José Saramago.
O deus daquela carta lamentava a falta de humanidade e, consequentemente, de religiosidade, de todas as religiões. É claro que aquele deus não tinha, ainda, ouvido este discurso porque, se tivesse sido esse o caso, seguramente a sua fé nos homens se renovaria.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Acordar Tarde

Dei por mim a pensar que acordei demasiado tarde. Deveria ter acordado mais cedo. Tudo seria, hoje, mais fácil.
Dei por mim a pensar que gostaria de poder transmitir a todos os jovens com quem trabalho, a importância do despertar. Do despertar no tempo da força e da vontade.
Dei por mim a pensar que deve haver, tem de haver, uma forma de lhes transmitir isso...

Amor Eterno

Pronto, é oficial. Cientistas americanos (claro) provaram que o amor eterno, esse grande desconhecido, afinal existe.
Monitorizaram casais que já nem se lembram quando é que se conheceram e que estão juntos, portanto, há um ror de tempo, e verificaram que a sua libertação de endorfinas, quando estão perto um do outro, é equiparada àquela libertada pelos casais mais jovens e apaixonados. A única diferença é que não se regista a ansiedade juvenil, o que é uma vantagem.
Esse mesmo estuda atira-nos com uma estatística na ordem de um para dez.
Um em cada dez casais encontra o amor eterno.
Vamos lá malta, vamos lá a encontrar-mo-nos. Vamos lá a acabar com os desencontros. Vamos lá a não desistir. Ele afinal existe e eles andam por aí, todos trocados, há espera de serem encontrados.
Um para dez é uma vergonha!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Medo

Quantas vezes olhamos sem ver.
Quantas vezes ouvimos sem escutar.
E por medo desacreditamos.
Quantas vezes?

Hoje foi um dia cheio de surpresas.
Preciso de me alhear.

O Passado

Por vezes agarramo-nos ao passado com tanta força que mascaramos o presente. Vivemos na ilusão de que o arrastamos connosco para onde quer que vamos mas, na verdade, o presente tem sempre uma cara nova.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Evolução

Para haver equilíbrio os contrários deveriam ser imediatos.
Por exemplo, a um dia de chuva dever-se-ia suceder um dia de sol; a um dia de guerra dever-se-ia suceder um dia de paz; a um dia de ódio dever-se-ia suceder um dia de amor; a um dia mau dever-se-ia suceder um dia bom; a um dia de trabalho dever-se-ia suceder um dia de descanso.
Isso seria uma coisa equilibrada.
O problema é que tudo seria previsível, e todos nós sabemos que nada evoluímos ou aprendemos quando podemos, facilmente, prever o que vai acontecer.
Logo, a evolução no equilíbrio é impossível.
Logo, só poderemos, realmente, evoluir, no desiquilíbrio.
Vai-se a ver e é por isso que somos desiquilibrados...

Quanto ao Conhecimento

Quanto ao Conhecimento, para quem estiver minimamente interessado, obviamente, e na sequência do texto anterior, é meu dever informar que se trata duma substância essencial ao Desenvolvimento e que se adquire no final duma sequência destilatória em que estão envolvidos, por esta mesma ordem, os seguintes elementos:
A Coisa - A Complicação - A Descomplicação - A Simplificação
O resultado, como se disse acima, será - O Conhecimento.
Escusado será dizer que quem se ficar pela Coisa, alegando que desde logo se apercebe da sua Simplicidade, mais não faz do que tentar atirar Areia para os Olhos dos que se metem no seu caminho.

Simplificar

Segundo o dicionário a palavra simplificar significa tornar mais simples.
No entanto ela é composta por simpl(es) + ficar.
A diferença entre tornar e ficar é, na minha opinião, enorme.
Senão vejamos:
O que fica não se mexe.
O que torna vem de algum lado.
Se não se mexe, deixa-se estar assim, simples. Como as gentes simples da província. Ou uma simples carícia.
Se vem de algum lado só pode vir do seu oposto, do complicado.
Depreendendo-se assim que para simplificar é preciso, primeiro, descomplicar.
Digo descomplicar porque entendo que passar directamente do complicado para o simples, sem descomplicar primeiro, deve ser muito difícil. Deve ser como começar a tricotar a partir de uma meada. Ora toda a gente sabe que quem quiser tricotar tem, primeiro, de transformar em novelo, a meada...

A Guerra

Há dois motivos pelos quais faz sentido tomar partidos.
Um é a simpatia. Eu torço pelo Sporting, não porque o Sporting jogue sempre melhor do que os outros mas porque gosto do equipamento, gosto dos jogadores, do treinador, do director...
O outro é a lógica que nos é dada pelo conhecimento dos factos. O verdadeiro conhecimento. Eu torço pelo Sporting porque ao longo dos anos tem demonstrado ser o melhor clube português, senão vejamos: blábláblá....(factos que comprovam a afirmação). (Quem me dera que fosse verdade).
Por estranho que pareça, embora com mais algum decoro, o sentimento de quem está longe em relação às duas (ou mais) facções de uma guerra, não é muito diferente. Lá no fundo, por este ou por aquele motivo, simpatiza-se com este ou com aquele povo e, claro, deseja-se para esse a vitória.
Eu aconselho a que espreitem aqui.
Ainda que a História tenha sido, ao longo dela, vítima das mais diversas interpretações que sempre nos permitem "puxar a brasa à nossa sardinha", o saber não ocupa lugar e poderemos sempre tomar partido com mais substância.

sábado, 3 de janeiro de 2009

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Um Astro Desconhecido

Na minha varanda, a sudeste da Lua, está um astro grande de mais para ser uma estrela, brilhante de mais para ser planeta. Interrogava-me eu sobre o seu nome quando uma outra estrela, esta cadente, atravessou o imaginário eixo que une Lua e Astro. O meu coração, de repente, desatou a palpitar.
Alguém me sabe dizer que nome tem este astro? Que estrela é esta? Se será um planeta e, se sim, será Vénus? É que não é a primeira vez que o vejo no céu e já me disseram que podia ser Vénus. Mas com tanta luz?!
Gosto de ver em tudo sinais. Acredito que se os virmos talvez se tornem realidade.
Sinais ou não, foi um lindo momento. A Lua; o Astro e a Estrela Cadente a atravessar, determinada, o eixo imaginário que os une.
Um lindo momento...

Será possível parar a vida?

Se ficarmos muito sossegados, quietos, imóveis, reduziremos as hipóteses das coisas correrem mal?
Ou será que mesmo sem nós a vida não pára e amanhã, quando acordarmos, verificaremos que apesar de nada termos feito, ou precisamente por isso, a merda se acumulou?

Conhecer os Outros - Conhecermo-nos a Nós

Já lhes aconteceu colocar os outros num determinado pedestal e depois chegarem à conclusão de que estão no pedestal errado?
Por vezes distanciamo-nos dos outros porque achamos que estamos demasiado longe deles. Sem darmos por isso fechamo-nos numa redoma e impossibilitamos qualquer aproximação por nos julgarmos imerecedores. Por medo do ridículo. Por falta de confiança, em nós.
Assim que abrimos os olhos e os vemos, a eles, vemo-nos a nós também.
Pode até ser um lugar comum mas não sei de melhor forma de conhecimento do que aquela de nos re-conhecermos nos outros.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Cultura de cauda

Estão enganados os que pensam que a cultura vem apenas dos livros que se lêem, das escolas que se frequentam, dos espectáculos a que se assiste.
A cultura vem, em catadupa, das vivências que se têm, das viagens que se fazem, dos conhecimentos que se cruzam.
Se fizéssemos um inquérito ficaríamos surpreendidos com o número de pessoas que nunca se afastaram mais de meia dúzia de quilómetros do local onde cresceram.
Se fizéssemos um outro inquérito ficaríamos ainda mais surpreendidos com o número de crianças que nunca viajaram. Que só sabem da existência de outros lugares pela televisão ou pelos livros da escola. Que nunca cheiraram outras terras. Nunca sentiram outros ventos. Nunca provaram outras iguarias. Nunca passearam noutros passeios.
São outras realidades que nos abrem os horizontes, que nos afastam do provincianismo. E é "de pequenino que se torce o pepino".
Não criar condições para que as nossas crianças possam "sair de casa" é adiar a cultura.
E uma cultura adiada marchará sempre na retaguarda. E, como todos nós sabemos, à retaguarda fica a cauda.
Teremos, portanto, uma cultura de cauda.

Primeiras Impressões de um Ano Novinho Em Folha

Entrei o ano a comer muito bem e a beber melhor ainda em lugares até então desconhecidos (por muito que se conheça nunca se conhece tudo) que recomendo. A saber:
A Travessa, no antigo convento das Bernardas na Madragoa.
A Toca do Javali, em Sintra.
Quanto à chuva que não deu tréguas vejo-a como um excelente augúrio. Primeiro porque a água é e sempre será uma forma de purificação. Leva o que não presta e lava o que está sujo, dando ao pequeno novo ano um ar limpinho e aprazível. Depois porque dá à quadra aquela vontade de recolhimento que lhe fica bem, e a Sintra um ar tão diáfamo que a obriga a transcender-se na sua beleza, se é que isso é possível...
Depois de tanta comezaina sinto-me em paz, comigo e com o mundo. Só espero que esta paz perdure ainda que as comezainas tenham, porque têm, de ser dispensadas...
Mais uma vez: Um Feliz 2009.