terça-feira, 19 de maio de 2009

Da monogamia

Seremos, nós, animais monogâmicos?
Que eles existem, existem, mas, seremos nós um deles?
Os Siamonges, da ordem dos Primatas, são monogâmicos, mas vivem só 35 anos. Mais do que isso estão, muitos de nós, casados.
Os Castores parece que também praticam a monagamia. Mas vivem 20 anos…
Quanto à Coruja, monogâmica por natureza, é, como sabemos, o símbolo da clarividência e da sabedoria coisa que nós, por enquanto, ainda não atingimos.
Será que a monogamia nos é natural, ou apenas uma herança judaico-cristã nascida numa altura em que fazia sentido existir por questões meramente económicas e sociais?
Ao fim e ao cabo, a poligamia masculina dos muçulmanos mais não é do que o fruto de uma conveniência política, social e, sobretudo, económica, que acabou por se tornar tradição e mesmo, religiosidade.
Quantos de nós aguentam um casamento exclusivo de 10, 20, 30 anos?
É certo que, quando apaixonados, não temos olhos para mais ninguém, mas…quanto tempo duram as nossas paixões? Quantas vezes pensamos que bom seria se fossemos livres, agora, neste momento em que nos cruzámos com um outro ser qualquer com quem até gostaríamos de estar, nem que fosse por um breve instante?
O que nos move para que não o façamos? O amor a quem está ao nosso lado? Na maior parte das vezes ele nem está em causa! O que nos move é a nossa educação, não a nossa natureza. O que nos move é o facto de sabermos que o outro se sentiria, no mínimo, magoado mas, esquecemo-nos que ele só se sentiria magoado porque também lhe meteram na cabeça que isso está errado e, sobretudo, induziram-lhe a estúpida ideia de que somos donos e senhores daqueles que amamos. Meteram-nos na cabeça que amor é posse quando, na verdade, amor é, precisamente, o contrário.
Há pouco tempo li, num dos contos de Saramago, uma frase que não esquecerei. Dizia mais ou menos isto – mais facilmente amar é ter, do que ter é amar.

1 comentário:

CF disse...

" E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.” [ Miguel Sousa Tavares no enterro da sua mãe] Independentemente de se identificar ou não com o Autor ( controverso, sem dúvida), ambiciono este estado de espírito... Gostei do seu artigo, e julgo que o ser humano deverá cada vez mais trilhar caminhos mais soltos, menos circunscritos, sem tanta necessidade de posse. Um abraço